Café e CEO [hiato]

Capítulo XV

Seria uma noite de sábado comum se Julieta não estivesse ignorando o trabalho que geralmente levava para casa nos finais de semana para se arrumar para algo que não tivesse nada a ver com a empresa. Nenhuma reunião, nenhum discurso que fez em frente aos acionistas da Martinez S.A. nunca a deixou nervosa como aquela noite em que Josep e Lorenzo fizeram questão em receber a nora para jantar.

Suas mãos estavam geladas e mesmo assim o suor emanava de suas palmas fazendo com que ela constantemente as esfregasse no vestido, aliás vestidos no plural já que aquele era o quinto que ela vestia e criticava ao se olhar no espelho. Muito curto, muito longo, formal demais, esse quase parecia um pijama... era só um jantar na casa do Diego, porque era tão difícil escolher o que vestir?

– Eles nem são meus sogros de verdade – bufou revirando o armário mais uma vez.

Pegou um vestido preto simples de frente única e rente ao corpo que deixava suas costas nuas, vestiu-o prometendo a si mesma que essa seria a última vez que trocaria de roupa essa noite. Soltou os cabelos deixando os cachos volumosos caírem abaixo dos ombros, a maquiagem era quase imperceptível, apenas um rímel e um pouco de iluminador nas maçãs do rosto. Calçou uma sandália rasteira e não conferiu mais o reflexo para não dar chances de encontrar outro defeito no visual.

Já havia dado folga a Santiago e Rosalia, a casa estava completamente vazia e mentalmente ela agradeceu por estar saindo, tanto silencio a deixava extremamente desconfortável. Ao passar pela porta da frente se dirigiu ao Porsche estacionado logo na saída da casa, olhou em volta pelo jardim de entrada procurando nada em específico, mas seus olhos encontraram o segurança, aquele mesmo com quem Diego conversou. Como era mesmo o nome dele?

– Boa noite, Juan – tentou colocar na voz toda a simpatia que conseguiu.

O homem arregalou os olhos parecendo assustado antes de gaguejar e responder:

– B-boa noite, señorita. Bom passeio.

– Obrigada – ela sorriu já entrando no carro.

Os portões enormes de abriram e ela saiu em direção à rua dando um leve toque na buzina deixando um Juan sorridente acenando em frente à mansão. O segurança não pode deixar de estranhar o comportamento afetuoso de Julieta não conseguindo atribuir qualquer razão aparente para tanta simpatia, então apenas deu de ombros voltando à sua ronda.

Enquanto isso, no El Raval, um Diego igualmente ansioso estava parado em frente ao guarda-roupa com a toalha na cintura tentando decidir o que vestir. Ouviu o celular vibrar, ao olhar a tela se desesperou lendo a mensagem de Julieta dizendo que estava a caminho, ela não demoraria mais de 20 minutos para chegar considerando o transito.

Puxou rapidamente uma calça jeans qualquer, correu os dedos pelas camisas no cabide desistindo de colocar qualquer uma delas, abriu a gaveta onde guardava as camisetas optando por uma de mangas curtas. Já estava passando o perfume quando bateram à porta, após a resposta de Diego, Lorenzo abriu a porta e encostou no batente para admirar o filho que perguntou com a apreensão tomando sua voz: