A tarde estava nublada e com um ar gélido, típico do inverno em Barcelona, quase não havia sinal da pouca neve que caiu há algumas semanas, mas as temperaturas baixas ainda exigiam casacos pesados, luvas e gorros. Para fugir do frio, Julieta entrou na cafeteria em busca de uma bebida quente que pudesse aquecê-la, o cheiro do café moído na hora convidava quem passasse pelo lado de fora do estabelecimento prometendo um pouco de aconchego.
Haviam poucos clientes sentados, era domingo e todos os comércios próximos estavam fechados, foi quase um achado a cafeteria estar aberta. Escolheu uma mesa bem ao canto próximo à vidraça enquanto seu chofer sentou um pouco afastado em outra mesa dando-lhe privacidade, uma simpática garçonete trouxe o cardápio desejando boa tarde, sem sorrir ou olhar o cardápio Julieta perguntou:
– Tem coca de recapte¹?
– Sim, senhora. Algo para beber?
– Chá preto.
– Trago em um instante.
A moça se retirou levando o cardápio consigo, Julieta voltou-se para a vidraça encarando a praça em frente que estava vazia. Era a primeira vez que voltava à Barcelona sozinha, sempre esteve acompanhada dos pais quando vinham à praia no verão. Depois de ter sido adotada, os Martínez a levaram para Madrid onde cresceu e estudou sempre a par dos negócios do pai, ele sempre ensinou que ela herdaria a empresa e que deveria estar apta a assumir seu lugar.
Como uma boa filha ela aprendeu tudo, com quem falar e como falar, as taxas de importação e exportação, cursou Direito e Administração de Empresas acompanhando de perto a diretoria da Martínez SA. Estava pronta para assumir os negócios quando necessário, só desejava que não tivesse sido pela morte precoce de seu pai acometido por um câncer extremamente agressivo que o levou em menos de 3 meses. Mesmo 2 anos depois, ela ainda sentia sua falta.
Esse pensamento provocou uma lágrima que correu insistente por seu rosto e Julieta limpou rapidamente se recompondo, a garçonete voltava com seu pedido em uma bandeja, se aproximando da mesa pegou o prato de coca e depositou sobre a mesa, porém antes que pudesse fazer o mesmo com a xícara de chá, a moça desequilibrou-se e o líquido quente se esparramou pela mesa escorrendo até a calça da cliente.
Tudo ocorreu em questão de segundos, um cachorro invadiu a cafeteria correndo e esbarrou na garçonete fazendo-a desequilibrar enquanto o dono o gritava da porta. O cão saiu tão rápido quanto entrou ao tempo que Julieta esbravejava com a atendente ainda no chão.
– Sua imbecil! Olha o que fez com minha calça. Você não é capaz de servir um simples chá sem arruinar a roupa dos clientes?
Um rapaz também com o uniforme do estabelecimento ajudava a garçonete a se levantar e o motorista de Julieta se aproximava com guardanapos de papel que ofereceu para ela se secar.
– Nina, você se machucou? – Perguntou o rapaz à moça recém tirada do chão.
– Não, senhor Diego. Eu sinto muito – ela choramingou.
– Não se preocupe, deixe que eu resolvo isso. Vá lá para dentro – ele disse gentil.
Nina obedeceu rapidamente enxugando os olhos enquanto o rapaz se dirigia à cliente irritada que conversava com o homem de terno.
– Você está bem? – Perguntou Diego.
– Eu pareço bem? – Julieta o fuzilou com os olhos.
– Eu peço desculpas, foi um acidente lamentável.
– Acidente? – Repetiu. – O que você chama de acidente eu chamo de incompetência.
– Nina é uma garçonete muito competente, – ele respondeu firme, mas amenizou o tom ao continuar: – Aquele cachorro apareceu de repente e não havia nada que ela pudesse fazer. Como forma de nos desculpar podemos lhe servir outras cocas por conta da casa, além de arcar com os custos da lavagem da calça. Aqui ao lado tem uma lavanderia excelente, basta enviar para cá que nos encarregamos do resto.
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Café e CEO [hiato]
RomanceE se a CEO fosse ela? O que o balconista de uma cafeteria tem a oferecer para a dona de uma multinacional? Um amor tão quente quanto o café. Atualizações todas as terças-feiras. Melhores rankings: 🏆 #1 namoro por contrato 🏆 #1 representatividade ...