Capítulo XVI

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A iniciativa tinha partido de Nina que questionou porque Diego não levaria sua namorada ao encontro da galera naquele sábado, depois de um certo drama da garçonete dizendo que ele tinha vergonha dos amigos, o garoto cedeu. Não que Nina realmente acreditasse na possibilidade dele se envergonhar de quem eram, sabia que não era do feitio do rapaz, mas também sabia que o irritaria o suficiente para que concordasse em levar Julieta.

Sob o pretexto de não comprometer a credibilidade daquele namoro fajuto a herdeira Martinez aceitou mesmo que a contragosto. Quando saía em Madrid era para bares e baladas luxuosas, não para tomar cerveja na areia durante a madrugada, porém já havia aceitado o convite para jantar com os pais de Diego, não haviam desculpas para dizer não aos amigos dele.

Já era madrugada quando Diego chamou Julieta para ir, ela agradeceu diversas vezes Josep pelo jantar e ao Lorenzo pelo vinho. Já não estava mais resistente em ir à praia, de tão bem recebida que foi na casa de Diego, teve esperanças de que assim seria também com eles, por isso desceu as escadas ao lado do amigo sem desmanchar o sorriso que esteve em seu rosto durante a noite toda.

- Seus pais são incríveis.

- Obrigado, eu concordo - ele sorriu satisfeito com o elogio.

- É sério, Diego. Eles me acolhem como se eu fosse da família, eu me sinto parte da família - disse com ênfase.

- Mas você é, mocosa - ele disse convicto encarando-a ao abrir a porta. - Eu te disse isso no fim de semana passado, você não está mais sozinha.

- A cada segundo com vocês eu tenho mais certeza disso!

Deu espaço para que Julieta passasse pela porta antes dele e trancou assim que saiu. Caminharam sem pressa até o carro, ela ainda sorridente tecia elogios à comida de Josep, ao bom gosto para vinhos de Lorenzo e como era gracioso o apartamento deles. Diogo apenas ouvia as palavras da garota observando como ela parecia leve naquela noite.

- O que foi? - Ela perguntou parando ao lado do carro. - Tem algo de errado?

- Não, não é nada - ele respondeu já corando. - Eu gosto de te ver sorrir...

Julieta alargou ainda mais o sorriso desviando o olhar para a chave do carro que girava nos dedos. Por uns poucos segundos Diego se permitiu continuar observando os dentes brancos envoltos por lábios grossos que se afinavam nas extremidades repuxados numa demonstração genuína de alegria. Porque eles pareciam tão convidativos?

Essa observação foi interrompida assim que ela levantou o olhar de volta para o dele, fazendo o pigarrear antes de dizer gaguejando:

- Q-quero d-dizer... você sorrindo me lembra de como você era no orfanato. Sabe, você era uma garotinha bem alegre.

- E você era um chato - ela rebateu sem notar o quão desconcertado ele estava. - Eu odiava você.

- Me odiava?

Ele arregalou os olhos acompanhando a morena abrindo a porta do motorista, entrou pela outra porta ainda a encarando. Julieta soltou uma sonora gargalhada ao ver o impacto que a informação causou no amigo, acionou o motor e arrancou explicando que o garoto costumava implicar muito com ela e Floribela, por isso sentia raiva de Diego quando eram pequenos.

Ele se defendeu como pode, em alguns momentos concordando que passava dos limites, mas sem mencionar que quando criança nutria uma pequena paixão pela menina que estava sempre de trancinhas. Ao longo da vida se convenceu de que era coisa de criança, afinal era novo demais e deveria ter interpretado errado o sentimento de amizade que tinha por ela. De qualquer forma, Julieta não corresponderia na época e agora muito menos, eram somente amigos.

Café e CEO [hiato]Onde histórias criam vida. Descubra agora