– E então, o que dizem os exames?
Lorenzo aguardava pacífico sentado à frente do médico, Diego em pé atrás dele andava de um lado para o outro roendo as unhas, Josep aflito ao lado do marido apressava dr. Lopez que lia e relia os exames que tinha nas mãos.
– Esses últimos exames reforçam uma das minhas suspeitas...
– E qual é? – Diego interrompeu nervoso. – É grave? Há chances de cura?
– Nós sempre trabalhamos com possibilidade de tratamento – explicou o médico suavemente.
– O que eu quero é saber se você vai ajudar o meu pai!
Só depois de dizer ele percebeu que a voz estava mais alta que o normal e o dedo indicador estava apontado para o médico, o desespero do garoto era maior do que ele gostava de admitir, era um sentimento que ele escondeu desde que soube que Lorenzo lutava com sua doença há quase cinco anos sem perspectiva de encontrar as causas e muito menos uma maneira de trata-la.
Diego sempre tentou ser o otimista entre os três, era dessa forma que retribuía o amor que recebia dos pais, sendo quem mantinha a esperança viva, o pilar, a força que sustentava a fé da sua família. Mesmo assim o medo de perder Lorenzo o atormentava a cada dia que passavam sem respostas, ali naquele consultório ele parecia tão perto e ao mesmo tempo tão longe do fim da aflição que era incapaz de controlar seus anseios.
– Hijo, tenha calma – era o italiano quem falava tão passivo que sequer parecia ser ele o paciente. – Deixe o médico terminar.
Diego assentiu antes de voltar a andar pela sala ouvindo o homem grisalho de jaleco. Ele continuou:
– Eu vou ser breve – prometeu recebendo mais um aceno de cabeça do garoto, – nós descartamos algumas outras possibilidades com esses exames e, como eu disse, reforçamos uma das minhas suspeitas. Temos fortes indícios de que se trata de uma doença rara chamada Febre Familiar do Mediterrâneo.
– Fortes indícios? – Josep foi quem perguntou dessa vez.
– Os sintomas batem, mas além de ser ainda mais atípica em pacientes de origem italiana, ela também raramente se manifesta após os 40 anos, a maior parte dos pacientes apresentam os primeiros sinais da doença até os 20 anos de idade, muitos até antes dos 10 primeiros anos de vida.
– E como temos 100% de certeza? – Lorenzo quis saber.
– O ideal seria um mapeamento genético dos teus pais, se eles ainda forem vivos.
Diego viu os pais trocarem olhares aflitos.
– Fora de cogitação – o italiano declarou. – Não há possibilidade de contatar meus pais. Como é o tratamento dessa doença e quando a gente começa?
– Lorenzo, não vai tratar uma doença que você nem sabe se tem! – Josep repreendeu, os olhos buscando apoio do filho.
– Doutor, eu gostaria que continuássemos essa consulta em particular – Lorenzo pediu firme olhando diretamente para o médico a sua frente evitando ver a expressão acusatória do marido.
– ¡Ni hablar!
– Papà... no...
– Per favore¹, Diego. Acompanha seu pai até a recepção – o italiano insistiu.
O garoto se virou para Josep relutante em atender o pedido de seu outro pai, queria estar ali ao lado de Lorenzo até que soubessem que tudo ficaria bem. Custou um olhar implorador do italiano para que ele finalmente cedesse e acenasse com a cabeça para que Josep o acompanhasse para fora da sala.
Vários minutos aguardando na recepção e Lorenzo sai do consultório, afirmou convicto que faria o tratamento para a Febre Familiar do Mediterrâneo, independente da opinião dos outros dois. Já estava predeterminado a data de início da medicação e os acompanhamentos que faria para determinar se os fármacos cumpriam seu objetivo e os efeitos colaterais que eles poderiam estar causando.
Apesar do receio, Diego entendia que aquela era a melhor chance que tinham e talvez seu pai estava apenas despejando as esperanças na última chance que restava ao invés de se entregar à doença até então não diagnosticada. De qualquer forma, a palavra final era de Lorenzo e ele estava irredutível, agora só restava rezar para que os deuses estivessem de bom-humor e o tratamento estivesse certo.
Hola mis amores!
Esse capítulo demorou mais do que eu gostaria pra ser lançado. Apesar de estar numa semana muito corrida, vou tentar voltar antes da próxima terça com mais atualizações.
Deixa o votinho e o coração pra engajar?
Obrigada pelos 11k de view <3
¹Per favore: por favor
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Café e CEO [hiato]
RomanceE se a CEO fosse ela? O que o balconista de uma cafeteria tem a oferecer para a dona de uma multinacional? Um amor tão quente quanto o café. Atualizações todas as terças-feiras. Melhores rankings: 🏆 #1 namoro por contrato 🏆 #1 representatividade ...