Capítulo XIII

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– Você vai fingir ser meu namorado para a mídia e para o Leonel e em troca vou custear todo o tratamento do Lorenzo com os melhores médicos do país, se preciso. O que me diz?

As palavras de Julieta ecoavam na cabeça dele enquanto a água do chuveiro lhe caía nas costas. Diego passou o dia remoendo aquela proposta e questionando a si mesmo como pode ter aceitado algo assim, ao mesmo tempo que justificava que seria por Lorenzo, apenas pela saúde de seu papà. Ele e Josep haviam feito tanto desde que o acolheram, não era justo desperdiçar talvez a única chance de identificar e até tratar a doença do pai. Seria por sua família.

– Diego?

A voz de Josep e as batidas na porta o tiraram de seus pensamentos, desligou o chuveiro e ouviu o chamado outra vez.

– Tudo bem, hijo?

Si, papà. Já estou saindo.

Saiu do box enrolando a toalha na cintura e antes de abrir a porta do banheiro passou a mão no espelho embaçado para limpar a névoa e conferiu no reflexo se os olhos denunciavam o choro sob o chuveiro. Decidiu que não e se encaminhou para o quarto, depois de se vestir checou o celular e viu que havia uma nova mensagem de Miguel já que não haviam se falado desde manhã, digitou a resposta já se encaminhando para a cozinha:

"A gente só não queria contar a ninguém ainda"

Fazia parte do acordo com Julieta não contar a verdade para evitar que isso vazasse para a mídia, mas concordaram que haveria uma exceção, alguém que seria fundamental para garantir que Lorenzo aceitasse ter suas consultas pagas por Julieta sem questionar. O encontrou sozinho na cozinha com a porta da geladeira aberta selecionando os ingredientes do jantar.

– Precisa de ajuda, Josep? – Ofereceu se aproximando.

– Seria bom, acredita que Lorenzo pediu sopa de batatas para o jantar?

– É a cara dele. Você faz o mesmo quando está doente – riu. – Por falar nele, como está agora?

– Ele está dormindo há uns 20 minutos, não teve febre na última hora e meia.

– Isso é bom sinal, pode ser que dessa vez dure só um dia.

– Espero que sim, me parte o coração ver ele desse jeito.

Sem responder, pegou as batatas e se sentou à mesa para descascar, ao seu lado Josep cortava outros ingredientes vendo o filho se concentrar demais em uma tarefa tão simples. Considerou por um tempo se deveria perguntar o que houve, mas achou melhor dar espaço para o garoto, focou em sua própria tarefa sem dar uma palavra.

Diego vez ou outra olhava para o pai tentando encontrar as palavras para começar a contar, não que fosse difícil o que tinha a dizer, ainda assim o medo de Josep não aceitar e quebrar o acordo o desestruturava. Já estava na última batata quando o espanhol mais velho quebrou o silêncio.

Hijo, você chegou tão quieto. Mal trocou uma palavra, foi direto para o banho e demorou lá dentro... eu consigo ver que esteve chorando, até mesmo me chamou pelo nome quando entrou na cozinha. Está claro que algo te preocupa, que tal falar sobre isso?

O rapaz assentiu.

– Tem a ver com a matéria sobre você e Julieta no jornal?

– Sim e não.

Entregou as batatas para Josep e o acompanhou até a beira do fogão se encostando na pia para falar.

Papà, você e o Lorenzo são tudo o que eu tenho. Eu não posso perder nenhum de vocês... – balançou a cabeça sentindo as lágrimas rolarem.

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