Capítulo XI

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O iate de nome Eleonora flutuava nas aguas calmas do Mar Mediterrâneo, abordo dele dois jovens observavam o sol que aos poucos se escondia, a vista era de tirar o folego com os tons em laranja que os últimos raios de luz emanavam. Diego estava sentado no chão recostado em um dos sofás apenas admirando o espetáculo do fim do dia, mesmo morando a vida inteira em Barcelona jamais imaginou que ali haveria pôr-do-sol tão bonito quanto os que presenciou nos últimos dois dias. Julieta ao seu lado foi quem o tirou de seus pensamentos.

– Me conta mais sobre a sua família – ela pediu.

– O que quer saber?

– Tudo! Começando por como eles são.

– Bom, eles são... mais do que eu poderia querer – sorriu. – O Josep é incrivelmente apaixonado pelo Lorenzo, ele faria qualquer coisa pelo italiano sem pensar. Por outro lado, o Lorenzo é incapaz de dizer não para qualquer coisa que o marido pedir, o Josep chega a ser mimado às vezes. Para mim é um privilégio ver isso tão de perto.

– E como foi quando você foi morar com eles?

– A senhora Carmen me deixou ficar no orfanato o máximo que conseguiu, eu ajudava ela e o senhor Raul com as atividades do dia-a-dia, mas sabia que não duraria muito e eu não queria causar nenhum problema para eles. Um dia decidi procurar trabalho, rodei por quase toda Barcelona até passar em frente ao Saint Eulália e ver o anúncio.

– Precisavam de balconista?

– Sim, de balconista. Eu saí bem cedo do orfanato e já era fim de tarde. Eu estava com muita fome e não precisei dizer nada, Josep veio com um croissant e chá enquanto Lorenzo me falava das funções que eu teria que exercer. Eu aprendi muita coisa na cozinha do orfanato, isso me ajudou a conseguir o emprego.

– Mas você ainda morava no orfanato?

– Não, com o salário eu consegui pagar um albergue, o valor era bem baixo e as condições bem ruins, morei lá por uns dois meses. O problema foi quando um colega de quarto roubou tudo o que eu tinha enquanto eu estava no trabalho. Não que eu tivesse muita coisa, mas ele levou todas as minhas roupas e alguns trocados que eu tinha deixado na mochila. Desconfio que ele não fez isso sozinho.

– E você não chamou a polícia? – Julieta se ajeitou para encará-lo.

– Não adiantou, ele ou eles já estavam longe quando eu voltei para casa – deu de ombros. – No dia seguinte, fui trabalhar com a mesma roupa e o Josep perguntou o que aconteceu, ele insistiu até que eu tive que contar. Só então eles descobriram que eu era órfão e que morava nesse albergue, ele e o Lorenzo entraram no escritório para conversar e depois me chamaram pra entrar, foi nessa hora que eles me convidaram para morar com eles e disseram que queriam me... – fez uma pausa antes de dizer com voz embargada: – disseram que queriam me adotar.

Julieta sorriu e passou a mão nos cabelos de Diego ganhando outro sorriso como resposta antes do rapaz limpar os olhos e continuar a história:

– Eles entraram com o pedido de adoção de adulto, queriam oficializar as coisas, mas o processo ainda está rolando.

– Isso já fazem anos, porque está demorando tanto? – Julieta se espantou.

– Eu não sei, – deu de ombros – o pedido foi negado alguns anos depois e o Josep insistiu que precisava recorrer, ele é quem está a par de tudo. Dizem que essas coisas realmente demoram, mas acho que só não é tão relevante pra quem deveria cuidar do caso.

Depois disso houve um breve silêncio entre os dois, até que Julieta informou que já deveriam voltar, ela havia feito reservas no restaurante do Reial Club e já estava quase no horário. Não demorou até o barco aportar nas marinas, outra vez Diego estendeu a mão para ajudar Julieta descer a rampa. Geralmente ela recusava a ajuda de Leonel, ela não precisava disso já que era perfeitamente capaz de fazer isso sozinha, mas a gentileza de Diego era genuína e ela nem sequer sabia como negar.

Café e CEO [hiato]Onde histórias criam vida. Descubra agora