Capítulo XIV

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– Eu disse, eu já sabia! Quem você queria enganar? – Lorenzo ria sentado à mesa para o café da manhã.

– Menos, mi amor – advertiu Josep servindo um chá para o marido. – Não se exalte, você ainda está debilitado.

Tinham acabado de contar sobre o relacionamento de Diego e Julieta e a reação do italiano era tão espontânea que causou uma troca de olhares levemente desconfortável entre o garoto e Josep. Em resposta ao pai, Diego apenas sorriu e deu uma mordida no croissant à sua frente.

– Toda essa história de que eram só amigos não me convenceu. Não depois de passar o fim de semana todo com ela e até dormir na casa dela no sábado – completou ignorando a recomendação de Josep.

– É bom ver que já está bem-disposto o suficiente para me aporrinhar logo pela manhã, papà – Diego corou pensando em como aquilo estava longe da verdade.

– Estou mesmo bem-disposto, acho até que vou trabalhar hoje.

¡Ni hablar!¹ – Josep bradou deixando a louça na pia – Ontem você passou dos 40ºC várias vezes com a oscilação de temperatura, hoje vai ficar em casa e descansar.

Ao ouvir a ordem do marido, Lorenzo levantou-se da mesa visivelmente irritado e foi saindo da cozinha esbravejando:

Ora sono prigioniero in casa mia! Sono malato, ma non un invalido, non voglio ammuffire qui dentro come un vecchio vestito...

Papà, sabe que ninguém entende quando resmunga em italiano – Diego caçoou. – Se vai reclamar que seja pelo menos em español.

De imediato Lorenzo apareceu na soleira da porta revirando os olhos ao repetir exatamente a mesma frase em outro idioma:

– Eu disse que agora sou prisioneiro na minha própria casa! Estou doente, mas não inválido e não vou ficar mofando em casa como uma roupa velha, satisfeitos?

– Bem melhor – Diego tornou a rir.

– Por mim pode reclamar no idioma que quiser – Josep enfatizou – italiano, espanhol, até em búlgaro. Não vai trabalhar depois da crise que teve ontem.

– Você me trata como criança, Josep! Não precisa disso.

– Você é teimoso como uma e parece também não ter juízo. E se ficar mal com o esforço?

– Eu só estou cansado de ficar tanto em casa – fez um bico como de criança que vai chorar.

– Certo – Josep cedeu, – pode ir ao Sant Eulália, mas não quero te ver carregar uma xícara sequer.

– E se eu ficar no caixa?

Josep olhou para Diego que deu de ombros indiferente, considerou a proposta por alguns segundos até que se deu por vencido.

– Acho que ficar no caixa não vai te fazer mal. Porém é só isso – reforçou – e se não estiver se sentindo bem vai imediatamente descansar no escritório ou até mesmo para o hospital.

Va bene. Ou no idioma de vocês, "está bem".

 Ou no idioma de vocês, "está bem"

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