Capítulo VI

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Dois dias haviam se passado desde o término com Leonel, Diego ainda não havia respondido a mensagem que Julieta havia enviado, nem sequer a recebeu, ela também não tinha ido ao café ainda, saía do trabalho extremamente tarde para tentar ocupar os pensamentos e se distrair dos pensamentos que a faziam imaginar seu ex-namorado e sua amiga se beijando. Elisa era o mais próximo de uma amiga que ela tinha, mesmo percebendo a inveja da outra em sua vida, nunca imaginou que ela seria capaz de algo tão desprezível.

Da janela de seu escritório observou a rua lá fora, os carros parados pelo semáforo vermelho começaram a andar quando a luz verde se acendeu, os pedestres entravam e saíam das lojas e cafeterias. Pegou seu celular e olhou as mensagens, não havia nada de Diego. Resolveu ligar para ele, mas o que diria quando ele atendesse? Não teve que pensar nisso por muito tempo, a ligação caiu direto na caixa postal.

Voltou para sua mesa e tentou se concentrar no trabalho, mas algo chamou sua atenção no jornal do dia, uma foto na coluna social que ainda não tinha visto. Leonel estava sorridente em um restaurante caro de Madrid ao lado de Elisa, a matéria os apresentava como namorados.

Ela arremessou o jornal contra a parede e grunhiu para si. Ouviu baterem à porta e correu para pegar as páginas espalhadas pelo chão antes de autorizar a entrada. Era Olívia com uma pasta de documentos em mãos, a moça olhou Julieta recolhendo as folhas com estranheza, mas não disse nada a respeito, apenas depositou os documentos sobre a escrivaninha e aguardou.

– Pois não, Olívia.

– Aqui estão os relatórios que me pediu e tem alguém querendo falar com a senhorita. O nome dele é Diego, ele se recusou a dizer o sobrenome, disse que não seria necessário.

–Tudo bem, Olívia. Eu sei que Diego é, só tem um que faria uma criancice dessas. Pode mandar entrar.

– Na verdade, ele insiste que a senhorita o encontre na recepção do prédio.

– Lá no térreo?

– Sim, no térreo.

Julieta revirou os olhos.

– Eu disse que seria inviável, mas ele se recusou a subir.

– Tudo bem, eu estou indo. A propósito, se alguém procurar por mim, estou em horário de almoço.

– Almoço? Ainda nem são onze da manhã.

– Eu tenho relógio, Olívia – ela disse ríspida e a assistente se encolheu. – Eu retorno antes da reunião das três horas.

– Entendido.

Julieta alcançou a bolsa e o casaco antes de sair da sala em direção ao elevador, lá estava Diego sentado preguiçosamente em uma das poltronas da recepção. Ao vê-la andando em sua direção o rapaz se colocou em pé sem pressa e esperou até que ela se aproximasse o suficiente para ouvi-lo.

– Olha só quem está viva!

– Digo o mesmo.

– Faz dois dias que não aparece no café, fiquei preocupado.

– Eu achei que estivesse chateado comigo, não me responde e nem atende minhas ligações.

– Ah, não. Troquei de celular, o meu acabou estragando naquele dia da chuva.

– Porque você foi teimoso e não me deixou te dar uma carona.

– Não importa agora, eu comprei outro, depois te passo o número.

– Poderia ter me avisado.

– Como? Você não foi ao café e nunca me passou teu telefone.

Ele tinha razão, ela havia salvo seu número que estava escrito naquela embalagem e nunca mandou mensagem, depois começaram a se ver sempre que ia ao café que acabou não havendo necessidade de telefonar.

Café e CEO [hiato]Onde histórias criam vida. Descubra agora