Capítulo IV

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Mesmo com as baixas temperaturas da noite de fevereiro, as ruas de Barcelona estavam lotadas, todos os bistrôs de Sant Gervasi-Galvany acolhiam casais apaixonados comemorando o dia dos namorados. Diego e Julieta caminhavam lado a lado observando as construções e as decorações daquela data especial, depois de um breve passeio pela redondeza, sentaram em um dos bancos da praça em frente ao Sant Eulália Café.

– Diego, deixa eu te perguntar uma coisa que me deixou intrigada.

– Claro, o que é?

– Se na segunda-feira o Sant Eulália estava fechado, como eu recebi aquela coca no meu trabalho?

– Bom, isso é... eu fiz em casa e enviei – ele encolheu os ombros e sorriu tímido.

– Você realmente fez? Com suas próprias mãos?

– As da cafeteria também sou eu, aprendi com a senhora Carmen, talvez essa seja a vantagem de ficar por tanto tempo no orfanato.

– Ah, meu Deus! Faz todo sentido. Eu reconheci imediatamente o sabor, era com certeza a receita dela. Diego, você é um excelente cozinheiro.

– Obrigado, não é para tanto.

– Sem falsas modéstias, por favor. Eu vim até aqui para agradecer por aquela maravilha, dei de cara com a porta, vale lembrar – ela riu.

– Você veio até a cafeteria? Porque não me mandou uma mensagem? Quer dizer, você viu que eu escrevi um recado com o meu número de telefone?

– Sim, mas eu não sabia bem o que te escrever. A calça provavelmente já tinha sido lavada, eu nem pensei muito bem a respeito, apenas vim aqui. Um senhor daquele prédio ao lado me disse que vocês não abriam naquele dia.

– Ah, o senhor Nil, é o dono da lavanderia. Espera um momento, ele disse que uma moça veio até aqui, mas que era uma catalã.

– Eu ainda sei alguma coisa do idioma, conversamos em catalão – esclareceu.

– Você conquistou o coração daquele homem, no dia seguinte ele repetiu diversas vezes como era bela a catalã que veio até a cafeteria. Eu deveria ter adivinhado que era você.

O sino de alguma igreja próxima começou a tocar e Julieta conferiu a hora, eram oito em ponto.

– Nossa, como está tarde!

– Você precisa ir? Ah, que pergunta boba a minha, é dia de San Valentin, você vai sair com o seu namorado.

– Na verdade, não. Eu preciso ir para casa e revisar alguns contratos de novos fornecedores.

– Como assim? Você não vai encontrar seu namorado no dia dos namorados?

– Como eu disse, tenho trabalho a fazer. Você não está sugerindo que eu me desloque até Madrid numa quarta-feira só para ver ele.

– Não estou sugerindo nada, mas talvez seja o que ele espera. Ou quem sabe ele viria para cá, levaria umas 2 horas de trem...

– Trem? – Julieta não pode conter o riso – Seria engraçado ver o Leonel em um trem.

– Ah, claro. Ele viria de avião – Diego se sentiu um pouco envergonhado por não pensar na possibilidade.

– De qualquer forma ele não vem, ele também tem que trabalhar. Hoje ele fará uma reunião com acionistas e deve levar boa parte da noite.

– E isso não incomoda você?

– Porque incomodaria? – Ela voltou a rir.

– Bem que dizem que os madrilenos se preocupam mais com o trabalho do que nós aqui da Catalunha.

Café e CEO [hiato]Onde histórias criam vida. Descubra agora