Capítulo 31

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(Blume)

Depois das aulas daquela noite, decidi ir dormir cedo apesar dos protestos de Adelaide e não conseguia descansar em paz, sempre sentia que algo me deixava inquieta, como um calor que cresce e passa rapidamente. Rolei na cama por um bom tempo até que decidi levantar, desistindo da batalha do sono.

Ao meu lado, Adelaide até roncava baixinho, quase como um assobio nasal fofo. Faço beicinho de inveja. Como ela conseguia isso?

Dou de ombros mentalmente e me levanto, busco uma calça e a visto enquanto ajeitava meu cabelo com os dedos e depois vestia uma camiseta justa escura por cima do sutiã que usei como pijama. Pego a bota de cano longo e a calço, saio de fininho do quarto e desço as escadas até a cozinha do dormitório para beber um leite quente.

Fico divagando enquanto bebericava o leite, estava quase acabando quando vejo Marie descer e me encontrar sozinha com uma caneca entre as mãos, bem no fundo da sala e perto da janela.

– Bom-dia – Ela fala sem graça.

– Bom-dia

– Não sabia que havia mais alguém que não conseguia dormir!

– Pois é – Dou de ombros – Parece que é normal acordar essa hora se fosse humana, não deve ser nem dez da manhã ainda, né?

– É, mas é de madrugada para os vampiros – Ela sorri.

– Quando vamos acostumar com essa mudança de hábitos?

– Talvez depois da transformação ...

– Bem, eu espero que sim! – Falo – Porque eu quero ter bons sonhos

Isso fez Marie rir e se juntar a mim com uma xícara de chá que fez rapidamente. Apesar de ter sido superveloz, a novata sabia como misturar e selecionar as folhas do pote da cozinha e acrescentar levemente um pouco de mel. O aroma seduz as pessoas como se fossem rosas silvestres, porém ainda havia um delicado perfume adocicado.

Naquele dia em especial, Marie tinha em sua xícara leite quente como eu. Ergo uma sobrancelha em confusão, mas a novata parecia indiferente e se senta ao meu lado.

– Blume, eu queria te perguntar uma coisa ...

– Sim?

– O que você acha dos vampiros?

– Hã? Como assim? – Me sinto mais inquieta, sem saber direito o motivo – O que quer dizer com isso?

– Bem, eu estava pensando sobre a cultura dos vampiros, entende? De como é a sociedade e tal

– Isso é para algum tipo de trabalho?

– Claro!

Engulo em seco ao ver o sorriso de Marie, que de algum jeito parecia deformado e nada natural. Um arrepio percorre minha coluna e sei que o desconforto tem a ver com ela. Mas por quê? O que tinha de diferente em Marie? A garota sempre combinava com flores e bichos fofos, sempre tão delicada e gentil ... O que estava diferente naquela manhã?

– Eu acho que a sociedade dos vampiros é diferente por ser matriarcal, né? Eu ainda não tive muitas aulas com o professor Damien para saber mais do assunto, mas a deusa é a personificação do feminino e as leis dos vampiros é baseada nessa face ...

– Tão técnico ... Tsc Tsc – Ela faz um som estranho com o estalar da língua e nunca a vi fazer aquilo antes – Tá, tá. E o que mais?

– Eu gosto da ideia de ser vampira ...

– Por que?

– Hã?

– Por que você quer ser vampira, Blume-Liebe?

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