Capítulo 28

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(Max)

– Eu vivia com meu pai, um cara muito bacana que gostava de me bater desde pequeno. Pode imaginar como deve ser divertido, né? Bem, eu também não fui um garoto fácil de conviver. E então este garotinho catarrento cresceu e virou um adolescente problemático e com um corpo forte, seu pai morreu de câncer e então ficou sozinho em uma casa pequena e vazia

Minus me olhou com uma mistura de surpresa e lamento, quase como se sentisse pena. Eu odiava aquele olhar. Mas se eu quisesse corrigir as coisas com meu melhor amigo, precisava falar coisas que detestava, revelar um passado que eu queria que tivesse morrido junto daquele túmulo frio.

– Eu deixei um cigarro no túmulo do meu pai – Aquilo me fazia dar risada, mas me controlo um pouco por causa da confusão que Minus ficou – Meu pai morreu de câncer no pulmão, entende?

– Sinto muito

– Sente? Pois eu não

Ele em breve saberia o quão quebrado eu estava, Minus era um livro aberto e suas expressões denunciavam o que sentia. E agora ele estava revoltado.

– Ele era seu pai

– E me bateu todos os dias desde que minha mãe nos deixou – Dou de ombros – Bem, não posso culpar ela. O cara fedia a cigarro e era um fracassado

– Max!

– A verdade te machuca? Pois liberta para mim

– O que você quer que eu diga, Max? Seu pai era um homem horrível em machucar seu próprio filho, mas já deve ser tempo de você não se acorrentar ao passado

– É isso que você pensa? Que estou acorrentado?

– Talvez

Meu sorriso era amargo, fazia com que a língua ficasse pesada. Quando cheguei na Morada da Noite pensei que era melhor que voltar para aquela casa solitária, conheci um garoto de cabelos azuis que estava tão desinteressado em mim que nunca achei que fossemos ser amigos. E então veio a revelação do que eu era capaz de fazer.

Dois anos atrás ...

Aquela madrugada tinha sido muito louca, tinha bebido tanto que não estava conseguindo ficar em pé. Ou será que foi os socos e chutes? Bem, eu não sabia dizer.

O grupo de idiotas me rodeavam, um deles fumava cigarro barato e me deu vontade de vomitar, enquanto isso a vaca da garota que me levou até lá dava risadinhas. Maldita vaquinha. Eu me lembraria daquele rosto pintado com maquiagem pesada, dos lábios carnudos com gosto de cereja e olhos castanhos frios e maldosos. Me lembraria do cabelo escuro e liso que descia até a curva do pescoço fino e daquela pele pálida.

– Então é ele, Valéria? O safado que te assediou?

– Sim! Foi ele mesmo! – Ela agarrou o braço de um deles, deveria ser o líder e parecia ter uma idade beirando os trinta e cinco anos – Ele me agarrou a força!

– Desgraçado safado – Ele rosnou e jogou o cigarro na minha cara.

– Pelo que eu me lembre ... Ela que me agarrou e ... beijou, né? – Dou um soluço e depois uma risadinha com a dor aguda que veio abaixo do ombro – Que eu sou tão gostoso que ninguém aguenta, hein

– Maldito – O chefe abraça a garota que fingia um choro nota zero.

Ninguém ali acreditava na garota, era óbvio só de olhar para seus rostos sarcásticos, que miravam o chefe com humor. O corno manso acreditava e era isso que fez todos obedecerem suas ordens e da pequena vaca.

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