(Blume)
As aulas da professora Hécate Profitevo de história eram as que eu mais aguardava, ela havia lido todos os questionários e deu atenção a cada dúvida dos novatos, tinha uma paciência e sagacidade que me encantava. Como dizia meu avô: "O estudo alimenta a alma, como a comida alimenta o corpo".
E a professora explicava as coisas só para depois perguntar nossa opinião! Muitos eram tímidos no começo e com o tempo mudaram, agora havia alunos levantando a mão com vontade de falar alguma coisa sobre a aula. Eu estava anotando algumas coisas, naquele dia o estudo era sobre povos antigos e seus rituais, comparando-os com o que os humanos chamavam de bruxaria ou bárbaros.
– Vocês precisam ter em mente que a religião toma a forma com base em sua cultura – Ela dizia enquanto escrevia algo no quadro – Seja indígena, asteca ou até rituais atuais. Todos eles se baseiam no que a própria sociedade da época aceitava como correto. Eram normais rituais de sangue, os sacrifícios aos deuses, por assim dizer
– A deusa Nyx precisa de sacrifícios de sangue? – Questionou alguém.
– Boa pergunta – A professora deu um sorriso – Alguém gostaria de responder por mim? Alguém tem uma ideia?
Naquela aula estava ao lado de Adelaide, que rabiscava em seu caderno ao meu lado e isso atraiu a atenção da professora para si.
– E você, Adelaide?
– Cof cof – Tento coçar a garganta, mas Adelaide estava concentrada em rabiscar.
– Adelaide?
– Hã, o que? – Cutuco sua costela e ela finalmente percebe que a professora estava olhando em nossa direção – Desculpe, qual foi a pergunta?
– Se minha aula estiver te aborrecendo, Adelaide, gostaria de sair para tomar um ar fresco?
Todos deram risada, mas eu fiquei desconfortável. Minha colega de quarto fuzilou a professora com raiva e resmungou uma resposta que era uma mistura de desculpas com "eu prestarei mais atenção".
– E você, Blume-Liebe? Gostaria de responder a essa pergunta?
– Eu não acho que Nyx deseja sacrifícios de sangue – Respondo aliviada dela não achar que eu também estava divagando – Apesar de sermos vampiros, não acredito que a deusa queira algo assim
– Mas por que você acha isso?
– A deusa é como uma mãe, estudamos sua sabedoria e várias outras coisas. Mas nada diz que precisamos derramar sangue. Até na luta contra o mal de anos atrás ...
– Mas houve um sacrífico, ou melhor, um preço a ser pago – Ouço a voz de Minus e me viro, o garoto estava com o livro fechado em cima da mesa – Um protetor da Morada da Noite selou a rainha Tsi-Sgili, não é verdade? Isso não é considerado um sacrifício de sangue?
– Muito bem – A professora Hécate volta a escrever no quadro, agora colocando as palavras "Sacrífico de Sangue" e se virando em seguida – O que todos devemos entender é o significado das palavras. Proveniente do latim Sacrificium, quer dizer Ofício de Sangue. Também chamado de imolação, oblação, oblata ou oferenda. É a prática de oferecer aos deuses, seja em forma de alimento ou de vida. Pode ser de animais ou humanos, até mesmo colheita e plantações contam como ato. Mas também é um termo usado, metaforicamente falando, para descrever atos de altruísmo e abnegação em favor de outra pessoa
Ela escreveu tudo aquilo e eu fui tomando nota, Adelaide pareceu mais curiosa que antes e deixou de desenhar nas folhas e mirou a professora.
– Então podemos dizer que a deusa não exige de nós isso, mas as vezes é o seu caminho e que devemos tomar

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Perdoada
FanfictionBlume-Liebe não teve uma família muito amorosa, perdeu seu único parente que a amava e para completar sua vida, foi Marcada pelo rastreador Erik Night no dia do velório de seu querido avô. Agora tudo mudou e ela se viu na Morada da Noite de Tulsa, c...