Capítulo 12

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(Marie)

O resto das aulas daquela noite passaram rapidamente, sem nenhum sinal de Lilian após ser chamada pelo guerreiro. Por estranho que pareça Red também não apareceu.

Na sala comum havia adolescentes se ajeitando em diversos sofás e prontos para ver filmes ou o noticiário local, gravado anteriormente já que era horário de aula quando passa ao vivo. Tinha preparado um delicioso chá vermelho, o aroma de morango misturado com canela esquentava por dentro de um jeito tão bom! E seu sabor prometia ser mil vezes melhor que o cheiro!

Sirvo para mim numa xícara transparente o líquido vermelho e acabo lembrando de outra coisa ...

"Quando fui mordida por Jekyll estava fervendo por dentro de uma forma que nunca me ocorreu antes, nem mesmo quando fiquei com um garoto lindo ano passado. Ainda era virgem, então não podia comparar com fazer sexo, mas se fosse um pouco do aquilo foi ... Então seria maravilhoso!

Tem um cheiro tão bom

Ele tinha dito contra minha pele, senti seu gemido como uma reverberação dentro do peito, algo quente escorria pela coluna e se instalava entre as coxas. As apertei tão forte e mesmo assim tudo parecia ainda mais intenso.

Queria ser beijada. Queria ser tocada. Queria que ele não parasse de beber do meu sangue ..."

Eu queria beber do dele também.

O pensamento recente me surpreendeu, acabo levando a mão até a garganta que parecia seca contra a pele macia. Engulo um pouco de chá e mesmo assim a sensação não passava.

– Marie?

Me viro prontamente e repouso a xícara na mesinha de canto da sala, quem me chamava era Blume, que parecia já ter tomado banho e usava um shorts azuis folgados no quadril e uma blusa branca comum. Tinha os cabelos úmidos também. Ao seu redor um doce aroma de sabonete e rosas.

– Sim? – Tento não mirar seus olhos questionadores.

– Está tudo bem?

– Sim, por que não estaria?

– É que, bem ... Você parece meio estranha, sabe?

Não precisava olhar no espelho para ter certeza, meus olhos deveriam estar se tornando tão rubros quanto como qualquer novato vermelho. Odiava perder o controle, mas era inútil lutar contra isso.

– Eu não me sinto bem mesmo – Suspiro ao dizer a verdade – Vou falar com algum professor e já volto

– Quer companhia?

– Ah, não precisa – Esboço um sorriso – Quero ficar sozinha um pouco

– Ei, espero que não tenha ficado magoada com que a Lilian disse mais cedo – Falo Blume obviamente preocupada comigo – Foi maldoso, mas se precisar conversar com alguém além de professores. Estou aqui por você, tá?

– Obrigada

Abandono o chá recentemente feito e sigo para os jardins, porém em vez de ir para a sala dos professores acabo rumando para um lugar completamente diferente.

Meu corpo tomou conta e cada passo era um borrão sem sentido enquanto avançava para mais longe, minha mente entrando numa piscina preta de caos. E então eu busco instintivamente um certo lugar que era para mim como se fosse meu próprio templo: A sala de música era meu porto seguro.

Devo ter corrido, porque estava arfando quando passo pelo portal do anfiteatro da Morada da Noite e abro a porta dos instrumentos. O cheiro de metal e limpeza me fez estremecer um pouco, minha garganta aperta e quase parece que não posso respirar.

PerdoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora