Perdoada

Capítulo 23

(Quadir Lay)

A patrulha daquela noite me levou a uma situação inusitada, o cheiro doce de Blume-Liebe Naervi foi até meu nariz como um suave sopro primaveril. Havia também o inconfundível aroma de flores com ela.

Quando saltei o muro enquanto a procurava, vi sua cabeça se virando, incríveis olhos cor de floresta encontrando os meus. Ela parecia assustada. Sinto sua preocupação pulsar dentro de minha mente, um poder fraco se comparado aos outros médiuns daquela Morada da Noite, mas ao menos podia sentir algumas emoções básicas.

Confusão e preocupação.

Ambas pareciam pulsar ao redor de Blume-Liebe, que abre os lábios rosados e torna a fechá-los, sem dizer coisa alguma. Fico parado no alto do muro e percebo que a novata carregava contra o peito um buquê de margaridas, lindas flores que combinavam com a beleza da jovem. Os longos cabelos negros que seguiam as costas finas até o quadril, sinto um leve cheiro de sangue no ar, juntamente do perfume dela.

Uma doçura que era a promessa da corrupção. Tento conter meus desejos lascivos e ofereço a mão para que ela pegasse, consigo puxar facilmente seu corpo magro para cima do muro e de lá salto com ela em meus braços. Foi tudo muito rápido, não queria soltá-la.

Blume-Liebe ficou de pé diante de mim sem dizer nada além de agradecimentos, murmurando qualquer coisa sobre precisar ir embora.

– O que você estava fazendo, novata?

– Hã, bem, eu ...

– Devo levá-la até a diretoria se não quiser falar comigo sobre isso?

Uma ameaça vaga e banal, sabia muito bem disso. Adolescentes faziam coisas de adolescentes, nenhum vamp adulto se importava de verdade com as fugas dos mais jovens sob sua proteção, desde que eles seguissem as regras básicas e se disfarçar ao entrar na sociedade humana.

Mas ver Blume perambulando com alguém por aí, já era difícil aceitar que outros garotos tivessem sentimentos por ela. Minus Daike e Maximilian Knight eram os que mais tinham intenções afetivas para com aquela novata, pude vascular suas mentes algumas vezes durante minhas patrulhas e nada de bom vinha desse tal de Max. Já Minus era mais tímido, apesar de sua personalidade extrovertida.

Eles não deveriam ser um problema para mim.

Então quem teria dado essas flores para ela?

Meus pensamentos estavam revoltos demais, talvez por isso devo ter deixado transparecer meu descontentamento em meu rosto, porque Blume me olhava com certa mistura de preocupação e insegurança.

– Estou esperando por sua resposta, novata Blume-Liebe

– Eu me encontrei com uma pessoa ... Bem ali – Ela aponta para o muro – E ele me deu isto

– Te deu um presente? Vocês se conhecem a tanto tempo?

– Bem, eu vivia em Tulsa. Eu conheço pessoas por aqui

– Está me dizendo que um conhecido veio te dar flores? Por que esta pessoa não veio em uma visita formal?

– Porque ele tem medo de vampiros!

Blume me olha com determinação, uso meus poderes para sondar sua mente e percebo que ela dizia a verdade, por mais estranho que isso me faça sentir. Suspiro alto e a acompanho de volta para o refeitório, ainda sentindo que havia alguma coisa errada com tudo aquilo, mas não tive tempo para pensar muito.

– Eu preciso ir para o dormitório – Ela falou – Preciso colocar as flores em algum vaso

– Certamente