De algum jeito havia chegado a uma trilha aonde antigos vagões de trens ficavam, em Tulsa havia uma estação abandonada que fora comprado pelo governo vampírico. Lembro que foi um evento memorável na cidade por se tratar de um lugar velho e esquecido, se tornando uma espécie de "republica" de novatos vermelhos.
A grande sacerdotisa Zoey Redbird e a representante dos vamps vermelhos Stevie Rae apareceram nos jornais e até tiveram participação em uma entrevista para a televisão, juntamente de outras vampiras em videoconferência da Itália. A repercussão disso fez meus pais se alterarem nas reuniões, lembro vagamente dos membros do Povo da Fé indo lá em casa e espumando de raiva.
Depois disso as coisas pareciam ter se acalmado e entrou em esquecimento.
Acabei lembrando disso assim que vi os trilhos aonde o ferro ganhava tons cobreados de ferrugem, alguns vagões esquecidos para trás, com suas janelas quebradas e paredes com tintas desbotadas. O lugar estava deserto e não sabia dizer o que me fez ir até ali, até que um corvo passa gritando por cima de minha cabeça.
O pássaro pousa numa árvore próxima, se empoleira num galho e parece fixar seu olhar sobre mim com tanta atenção que me deixou desconfortável. Era quase possível dizer que ele estava pensando!
Bem, corvos não são assim tão inteligentes, né? Né? Seu crocitar me fez dar alguns passos para trás e pensar seriamente em esquecer essa coisa de seguir minha intuição. Não estava dando certo!
Fora que novatos não podiam ficar muito longe de vamps adultos, certo? Ah, quem eu queria enganar? Deveria voltar para a Morada da Noite e pronto! Mas assim que dou um giro acabo parando bem no meio, tinha visto um vulto bem alto praticamente se jogando para dentro de um vagão de trem mais adiante.
Minha boca se abre, mas não consigo nem mesmo gritar. Engulo em seco, pensando que deveria ser algum sem teto ou pessoa parecida. Ainda deveria ser um pouco depois do meio dia e caminhei por muito tempo numa longa distância, provavelmente era alucinação gerada por insolação.
– T- Tem alguém aí?
Ninguém responde. O vento continua seu curso, a vegetação fica muda e nem ouço o som de pássaros distantes, nem vozes humanas em parte alguma. Por um instante tão efêmero a vida no mundo parecia se resumir a este cenário. E então eu ouço o maldito corvo de novo.
– Que é? – Miro para o pássaro que agora estava sobrevoando um pouco acima da minha cabeça, sigo com o olhar para onde vai e pousa exatamente no vagão – Que? Quer que eu vá aí?
Obviamente não tenho resposta alguma. Incrível! Genial! Um corvo pode matar um humano? Uma novata aspirante a vamp?
– Ai ...
Dou meia volta e sigo até o vagão, já descartando qualquer inteligência e autopreservação restante, porque se isso fosse um filme de terror acabaria morta na cena seguinte.
A porta do vagão não existia, apenas uma armação quebrada e enferrujada no lugar da entrada e subo o degrau de ferro para dar uma boa olhada em seu interior. Diferente dos outros vagões, este não tinha janela alguma e agradeço por minha condição de novata pela pouca iluminação ser mais do que o suficiente. Lá dentro tinha algumas caixas empoeirados, garrafas de bebida vazias e caixas de pizza ... Caixas de pizza? Abro uma delas e vejo que não tinha nada dentro, mas não havia bolor ou essa coisa verde que brota nos restos de comida.
Alguém havia entrado neste vagão e se alimentado. Penso nos adolescentes que teriam a capacidade de encontrar um lugar desse e fazer um "clube secreto" só para os amigos, se divertindo em grupos com vinho barato e pizza. Eu sempre quis ter amigos assim na minha época humana, mas mesmo após ter sido marcada, não teria ninguém da minha antiga escola que teria dado minha falta.
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Perdoada
FanficBlume-Liebe não teve uma família muito amorosa, perdeu seu único parente que a amava e para completar sua vida, foi Marcada pelo rastreador Erik Night no dia do velório de seu querido avô. Agora tudo mudou e ela se viu na Morada da Noite de Tulsa, c...