Capítulo 20

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(Adelaide)

Era o rio Arkansas, sem sombra de dúvidas! Arfo e acabo tossindo na tentativa de respirar, tinha acabado de ter uma visão tão realista que parecia estar ao lado da garota que se afogava. Quando volto a me erguer, vejo apenas meu reflexo ali no espelho e o estranho colar da bisa não reluzia mais com uma magia estranha.

Passo o indicador por sua superfície para sentir se algo acontecia, mas nada mudou, a pedra continuava fria ao toque e com uma aparência comum de uma bijuteria barata. Consigo controlar meu coração agitado e tento pensar nas coisas que eu vi durante a visão.

Era uma garota humana que se afogava em águas escuras, tinha visto uma ponte um pouco distante e lá haviam pessoas aparentemente gritando, não tinha sinais de bombeiros ou a polícia. Foi um acidente? Mas se foi um acidente por quê ela estava tão longe da ponte? Pulou? Tentativa de suicídio?

O mais importante era: Qual ponte aconteceria isso? E se seria hoje, qual o horário? Não tinha nada em minha visão que respondesse as coisas!

– Ainda por cima é uma estranha que não tem nada a ver comigo – Suspiro.

É, é melhor deixar isso de lado. As pessoas morriam o tempo todo e eu não era uma heroína que poderia salvar o mundo, era uma adolescente como qualquer um sem responsabilidades além de estudar, comer bem e tentar passar pela transformação em vampira nos próximos quatro anos.

Foi neste momento que Blume-Liebe apareceu no quarto, ela vestia roupas que um mendigo usaria e me olhou com surpresa antes de dar um sorriso.

– Oh, desculpa! Você estava prestes a ir dormir?

– Bem-vinda de volta

– Obrigada

Ela fecha a porta atrás de si, vejo como mecanicamente segue para o guarda-roupa, pega uma troca e toalha limpa e vai para o banheiro. Deito na cama, mas sem conseguir dormir. Fico mirando o teto enquanto ouvia o barulho do chuveiro, o vento que batia casualmente na janela, uma canção baixinha e vozes mais distantes em algum lugar no corredor do dormitório. Meus sentidos estavam ficando mais aguçados e se eu prestasse um pouco mais de atenção poderia ouvir mais claramente as coisas.

Se eu prestasse um pouco mais de atenção.

O pensamento não passou despercebido por mim, abro a boca e volto a fechar. Estava impossível me tranquilizar.

Não percebo que o banho de Blume acabou até que a vejo saindo do banheiro já usando um pijama simples preto e secando os cabelos na toalha. Ela senta na beirada da cama e olha para mim, viro a cabeça para encontrar seu olhar.

– Eu não disse obrigada para você – Diz – Obrigada por ter se preocupado comigo

– É o que colegas de quarto fazem, certo?

– Bom, você não parecia feliz em me ter ao seu lado

– É um péssimo hábito meu ser mais reclusa – Falo com amargor – Mas não significa que não queira me enturmar, sabe?

– Gostaria de ser sua amiga também, se quiser, claro

– Eu gostaria muito – Esboço um sorriso tímido.

– Que bom! Eu também! Digo, eu quero ser sua amiga – Ela dá um risinho nervoso – Que bom!

– O que aconteceu com você?

Pergunto de repente e vejo como ela foi afetada pela surpresa, os olhos verdes ficaram perplexos, depois relaxou e parecia procurar dizer as coisas de algum jeito, meio confusa também. Eu gostava de ver as expressões das pessoas. Aprendi a ler suas faces enquanto conversava e em troca percebi que minha própria expressão ficava ... congelada.

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