Perdoada

Capítulo 4

 A professora Lenobia foi uma das poucas vampiras que eu já conhecia graças aos artigos no jornal sobre seu trabalho equino, onde se voluntariou para dar aulas de como cuidar bem de cavalos para pessoas (humanas e vamps) interessados. Meu avô tinha me falado certa vez que sempre quis ter alguns desses animais, porém nunca foi atrás da vampira ou qualquer coisa relacionada a Morada da Noite.

Quanto mais eu ficava por ali, mais percebia as nuances que deixei passar conforme crescia. Seria possível que meu avô não gostasse de vampiros?

Seria uma terrível ironia que sua única neta tenha sido marcada no dia de seu velório.

– Blume? – Red apareceu na baia que eu limpava – Já acabou aí?

– Sim, sim

– Obrigada

Saio do cubículo e dou espaço para a garota colocar para dentro uma linda égua branca, que tinha a crina loira assim como a cauda sedosa. Eram animais lindos, se não fosse por serem tão grandes de perto, me dando um medo interno incapaz de explicar.

Red tinha os cabelos vermelhos ondulados e amarrados atrás da cabeça, ela sorria e mandava beijinhos para a égua enquanto pegava uma escova e começava a cuidar do animal. Fico ali no corredor observando, com uma distância segura de qualquer coice.

– Sua cara está dizendo tudo que pensa

– Hã?

Por um segundo pensei que estava obvio meu medo de cavalos, seguro meu rosto com ambas as mãos e ouço Red dar uma risadinha.

– Ele parece bem afim de você

– Que?

– Max – Ela revira os olhos em minha direção – Tão na cara

– Nem tanto – Dou de ombros – Não estou interessada em procurar um namorado ou algo assim

– Fala isso agora – Red sorri ainda mais – Quando provar um cara novato ou vamp, vai mudar de ideia

– Você já ficou ... com um vamp?

– Oh – Red suspira surpresa – Eu disse isso?

– Não, mas ...

– Eu não fiquei com um vamp adulto, mas tive minha cota de garotos gostosos

– E?

– Max é um cara legal

– Vocês já ficaram!!!

Ela não negou, fazendo minha curiosidade inflamar ainda mais. Porém a professora Lenobia apareceu com sua égua negra, nos obrigando a prestar atenção quando sua voz nos alcançou:

– Já terminaram com as baias?

– Sim – Disse Red ao sair da dela – Pérola está agora sendo cuidada por mim

– E eu acabei de limpar a última baia – Comento.

Já imaginava que haveria tanta sujeira, afinal de contas, era um animal imenso que dormia ali. Mas deixo minhas observações somente para mim enquanto a professora linda e de olhar frio parecia amolecer ao olhar para a égua ali.

– Sim, doçura. Eu entendo! – Ela se virou para Red e completou: – Bom trabalho! Parece que Pérola gostou muito de você

– E eu dela, professora!

– Você fala com os cavalos? – Pergunto sem pensar, incapaz de segurar minha língua.

– Sim, novata. É um dom que recebi da Deusa e sou eternamente grata – Respondeu a professora com amor no tom de voz – São criaturas magníficas, sabia? Cada um deles tem no sangue a força de ancestrais nobres, cavalos que foram para a guerra ou que correram para salvar a vida de seus cavaleiros. Nem sempre a história vai contar sobre a bravura de um cavalo, mas são silenciosos e tão importantes!