Perdoada

Capítulo 30

(Minus)

O amanhecer era absurdamente belo, com seus tons dourados nas nuvens ao longe, chamas solares tingiam o céu e um fraco azul da cor de nossas tatuagens tentava brotar, tão timidamente, naquela aurora com dedos rosados.

Estava em pé, com as costas apoiadas na parede lateral do ginásio esportivo já fechado, ao meu lado Max estava sentado e de olhos fechados. Ficamos assim até que ele terminou sua turbulenta história sobre quando foi marcado até chegar aqui.

Depois daquele encontro com a Grande Sacerdotisa, Max acabou abandonando aquele tal lugar Maleficio e deixou para trás o senhor Adam sem muitas explicações, o vampiro vermelho tampouco correu atrás dele depois disso e então dois anos se passaram. Porém Max descobriu que tinha um dom que apelidou de "Carismático", era capaz de dobrar a vontade dos outros, sejam vamps ou humanos e entravam em uma espécie de transe de obediência cega, eram simples ordens para facilitar o controle.

Se tornou útil para alguns novatos, que desejavam sair sem causar problemas na sociedade humana e ainda conseguir se misturar.

– Foi assim que fomos em tantas baladas? Você manipulou as mentes humanas para descobrir as festas?

– Bem, sim – Ele deu de ombros.

– E nunca fomos pegos ou tivemos problemas com os humanos ... Por que você os controlava?

– Você coloca de um jeito que me faz parecer um supervilão

– Não acho engraçado

– Tampouco eu – Rebateu.

– Max ... – Coço a nuca de nervoso – Acho que a Grande Sacerdotisa Zoey não tinha isso em mente quando te trouxe para a Morada da Noite ...

– Ela te falou alguma coisa, por acaso? – O olhar de Max se tornou afiado e ficou na defensiva.

– Não

– Eu sei que fiz coisas horríveis, tá? Eu sei – Max se levanta – Mas e daí? O que eu posso fazer?

– Não fale desse jeito, Max! De que adiantou me contar tudo que passou se não quer mudar?

– Eu quero, mas ...

– Sem mas!!! Não muda o que você fez com a Blume-Liebe ou como você viveu até agora! Nada justifica seus erros só porque teve problemas

Não queria dizer para ele que também tive problemas, que minha vida não foi fácil. Mas sentia que isso se tornaria uma competição e tudo que mais queria era que meu amigo percebesse seus maus hábitos e corrigir essa postura ruim. No fundo, acreditava que Max era uma boa pessoa, precisava apenas de alguém para orientá-lo.

– Para começar, vai pedir desculpas para a Blume pelo que fez na piscina. Depois vai parar de galinhar com todo tipo de garota

– E depois? O que eu faço com esse buraco no peito?

O olhar de Max era de pura mágoa, sua mão afundou na camisa na altura do coração. Era uma pose tão vulnerável, tão ferida. Pela primeira vez senti que meu amigo estava sendo honesto, mostrando suas verdadeiras cores.

Como se estivesse descongelando seu coração.

– Max ... O que é isso?

Ele piscou várias vezes e a surpresa inundou suas feições, havia uma aura azulada ao seu redor e gotas de água começaram a rodeá-lo, dançando conforme as emoções dele tomavam conta. Max deu um sorriso tímido e uma das gotinhas estourou em atrevimento, nos fazendo rir.

– Você tem afinidade com o elemento água! – Gritei de entusiasmo.

Max parecia um menino fragilizado e que agora recebeu um presente que não merecia, mas abraçava com todas as suas forças.