Capítulo 36

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Minha cabeça está tombada no travesseiro, sinto o conforto ao meu redor enquanto minha mente desperta lentamente e presto atenção em minha respiração. Logo os sentidos vão retornando e sou capaz de ouvir atentamente passos firmes por perto e sua conversa.

– Ela está acordando

– Será?

– Seu corpo está se mexendo – Alguém falou próximo – Em breve acordará

– Sim, mas devo falar algo para a colega de quarto dela? É a terceira vez que veio até aqui hoje

– Espere até que a novata Blume-Liebe desperte completamente

– Sim, senhora

Me sentia ainda muito pesada sem saber o motivo, tento erguer o braço ou mexer a mão e se tornou uma tentativa em vão. Quero levantar. Nem podia abrir os olhos porque tudo parecia estar desligado, além de minhas vontades.

Então o sono me tomou uma segunda vez.

* * *

Minha consciência começa a emergir de um mar escuro, mas diferente da primeira vez, agora parecia estar sozinha. Sinto meus olhos tremerem e consigo abri-los, me deparando com um ambiente branco e cortinas pesadas nas minhas laterais. Só podia ser a enfermaria da Morada da Noite, mas por que? Usar o poder da pedra de Adelaide me desgastou tanto assim?

Percebo um movimento um pouco mais a frente e vejo minha amiga, ela estava com um rosto parcialmente coberto por sombras por causa do ambiente ainda escuro e quase sem iluminação. Talvez para manter as pessoas repousando enquanto se curam, provavelmente eu era a única por ali.

– A- Adelaide?

Por que ela não se aproximava? Meus olhos vão se adaptando rapidamente e percebo que ela estava bem-vestida, usando um jeans preto impecável e de corte que envolvia suas belas pernas como uma segunda pele. Botas de cano alto até os joelhos finos e de salto, havia duas fivelas de metal que pareciam reluzir como prata.

Sua camisa era de mangas curtas e grudadas ao braço, parecia ser um tecido bem fino e a cor era irreconhecível para mim, era algo meio cinza talvez? Não enxergava direito as cores, apenas as formas de Adelaide.

Ela finalmente se aproximou de mim com passos vagarosos, sua mão esquerda passeou por meu colchão e sinto seu toque um pouco frio contra o lençol que me cobria as pernas. Com a outra mão, enfiou no bolso para pegar alguma coisa. Estava agora ao meu lado, seus olhos miraram os meus e parecia ... O que? Determinada? Séria? Com raiva? Não compreendia direito.

– Seu colar – Vejo a pedra ao redor de seu fino pescoço, a única peça nela que parecia irradiar cores vibrantes – Você o tirou de mim antes de me trazer para a enfermaria?

– Você não acordava – Ela disse enfim – Tive que chamar os professores

– Oh. Sinto muito – Tento tocar seu braço mais próximo e a sinto muito fria – Não achei que ficar tanto tempo acabaria me drenando tanto! Por quanto tempo fiquei desacordada?

– Dois dias e três noites contando com está – Responde sem pressa.

– Nossa! Quanto tempo! Sinto muito, Adelaide! Desculpa ter te preocupado

– Você me preocupa o tempo todo – Vejo um fraco sorriso passar por seus lábios – Mas não fiquei assim desta vez, não por causa disso

– Ah, que bom ... – Ela segurou meu pulso e o puxou um pouco para cima – Ai!

– Hoje é a inauguração da fonte nova na Morada da Noite – Mudou de assunto – Por isso, não tem ninguém na enfermaria. Me certifiquei de que não teria ninguém por aqui agora

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