Capítulo 8

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 Voltei para meu quarto um tanto cansada enquanto o dia se tornava claro lá fora. Quando enfim alcanço o piso superior sigo direto para dentro do banheiro, já tirando a roupa e jogando de qualquer jeito no cesto. Me lavo rapidamente para poder dormir, passo a toalha pelo corpo de forma rude antes de sair e a deixo molhada em algum canto.

Estava com os olhos lacrimejando e ao voltar para o outro cômodo, fecho as janelas e me jogo na cama ainda nua. Era uma sensação deliciosa essa. Total liberdade na pele contra a maciez dos cobertores, minha cabeça afunda no travesseiro.

E graças a isso fecho os olhos e durmo no mesmo instante, quase sem perceber.

Aquele estranho sonho era como fugir de todo o mal do mundo, foi a primeira impressão que tive ao ver a grama escura contra o amanhecer no horizonte.

Era uma colina íngreme que levava ao topo, onde uma árvore sem folhas se retorcia para os céus, tentando abraçar o vento. As cores que compunham aquele alvorecer era de um vermelho vivo, um tom de rosa incandescente e amarelo dourado nas nuvens.

O tronco estava preto com a parca iluminação contrária, sigo até lá e sinto a umidade do orvalho derretendo contra minhas pernas. Somente quando cheguei no topo e toquei a árvore que notei a brisa percorrer meus seios, barriga e rosto.

Miro para baixo e vejo que estava completamente nua! Assim como estava quando dormi!

Tento tapar minha virilha e com o braço cerco os seios, meio empinando-os meio protegendo. Mas aquilo era um sonho! Afinal de contas, né?

Uma risadinha ecoa ao meu redor.

Olho para todos os lados e não havia ninguém além de mim ali. Ué? A voz se silencia e então eu senti sua presença antes mesmo de se materializar.

Entre os braços da árvore, uma mulher apareceu como se tivesse sido invocada. Era de uma beleza singular e exótica.

Sua pele era de um negro arroxeado que nunca havia visto, lábios fartos em um sorriso tão verdadeiro e doce que me emocionou. Seus olhos eram como a luz das estrelas, cílios longos que pestanejavam longamente, nariz aquilino e maçãs do rosto bem altas e bochechas gordinhas.

Aqueles cabelos ondulavam ao seu redor, eram de um tom de chumbo brilhoso que nada cobria o corpo de curvas fartas, sem nenhuma vergonha de exibir sua feminilidade.

Seus seios roliços eram invejáveis, bem como as coxas grossas e pernas curtas. Ela parecia ser baixinha, com uma mão pequena e delicada acenou para mim e então saltou, flutuando, em direção ao chão.

E em sua testa, a marca da lua crescente preenchida em cor safira.

Não precisava de explicações de veteranos na Morada da Noite. Aquela era Nyx! A deusa da noite personificada! E estava diante de mim em uma visita!

Deveria me ajoelhar? Recebê-la com presentes? Agradecer? Rezar?

Sua risada novamente passa por mim, como uma canção de passarinho alegre. Fico encantada com a beleza dela e com a música daquela voz.

Completa e absurdamente encantada.

Olá, Blume-Liebe, minha filha

Ah, há ... – Acabo gaguejando e fico constrangida.

Não precisa ficar acanhada – Ela se aproxima de mim, sua mão tocando a lateral do meu rosto em uma carícia gentil – Seja apenas você mesma, minha filha

Sim – Respiro fundo e tento novamente – É um prazer vê-la, minha deusa

O prazer é todo meu, Blume-Liebe

PerdoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora