Todos estavam de preto, mostrando seu luto perante o falecido senhor Slaine Naervi.
– Um simpático alemão que veio jovem para Tulsa em uma época ruim para ser descendente da Alemanha. Mas isso não afetou sua decisão de ter uma vida melhor e com isso criar raízes na terra americana de nosso deus! – Dizia o pastor com a voz carregada de pesar.
Uma nova onda de tosse me fez segurar a boca com a mão, estava muito frio e chovia um pouco, a sensação de mal estar ia e vinha o tempo todo, desde que acordou naquela manhã deprimente.
Eu me chamava Flores e Amor, como meu avô Slaine tanto adorava e me batizou como Blume-Liebe, nas férias de verão fazíamos arranjos florais e depois ele me levava para pescar, para conhecer a floresta atrás de sua casa fora da cidade movimentada. Ele sempre dizia que o campo fazia parte dele e que nunca venderia sua preciosa terra.
Seu único filho e meu pai pensava o contrário e ficava de olho no celular enquanto o pastor falava qualquer coisa, ciente de que a imobiliária em breve mandaria as notícias sobre a venda da casa.
Somente eu sentia dor apenas de ver aquele homem cheio de força, agora de olhos fechados e coberto de preto? Ele, que amava as cores mais do que tudo.
"Um dia vou morrer, netinha querida, mas saiba que prefiro o branco das nuvens como roupa para ir de encontro aos céus e uma gravata azul-claro como o do amanhecer", naquela hora estava em seu leito no hospital depois de ter contraído uma gripe muito forte e depois ... Talvez eu tenha isso também, uma nova tosse molhada me fez dobrar contra os joelhos e me segurar na parede a esquerda.
É, talvez eu tenha pegado a mesma doença. E em breve vou ter com meu vovô.
– O que raios você está fazendo, Blume? – Rosnou minha mãe ao puxar meu braço e me erguer.
– Tossindo – Retruco e coloco a mão na boca de novo para impedir de tossir no rosto dela.
– Bebeu a noite toda, não foi? Isso é ressaca, por acaso? Se é! – Ela revirou os olhos e se afastou, mas ainda segurando meu braço – Como ousa vir bêbada para o enterro do seu avô, menina?
– Eu não estou bêbada! – Ela enlouqueceu? – Eu não bebo!
– Pois não é o que todas as suas tias e primos estão resmungando lá na frente! – Ela me olha com um olhar frio de cima a baixo – Não está grávida, né?
– Céus – Rosno baixinho.
– Só diga a verdade, filha. Vou levá-la a melhor clínica e resolvemos isso
Me desvencilho de seu toque, com uma expressão tão chocada que fez minha mãe dar de ombros, voltando para seu posto ao lado do marido e meu pai.
Eu não poderia ser mais diferente deles.
Enquanto meu pai era louro como meu avô foi em sua juventude, uma cor clara e platinada, com lindos olhos azuis tais como o céu de meio dia, pele alva e pálida. Eu era corada como minha mãe, cabelos negros e grossos como o pai dela, além de compridos e levemente ondulados. Já os olhos que tinha eram de um verde profundo que meus pais chamavam de "olho de gato".
Meu pai achou que eu não era filha dele até os cinco anos, quando enfim fez um teste de paternidade e deu positivo. Minha avó paterna tinha os mesmos olhos, mas não tinha como saber disso já que ela morreu no parto e o vô já quase não lembrava direito.
Foi uma confusão tamanha que meus pais nunca mais foram ... amorosos. Por falta de palavra melhor. E minha mãe se amargurou. Sei disso porque não importa a reunião familiar, sempre falavam de como ela era brilhante e cheia de felicidade antes de eu nascer.
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Perdoada
FanfictionBlume-Liebe não teve uma família muito amorosa, perdeu seu único parente que a amava e para completar sua vida, foi Marcada pelo rastreador Erik Night no dia do velório de seu querido avô. Agora tudo mudou e ela se viu na Morada da Noite de Tulsa, c...