Perdoada

Capítulo 35

(Blume)

Ao abrir os olhos estava ouvindo pássaros cantando ao longe, um lindo dia no meio de uma floresta cheia de árvores, pedras e a luz dourada do sol. As pedras tinham formatos sempre achatados em suas superfícies, não eram altas então o meu eu daquele mundo subia facilmente nelas e saltava de uma para outra com risinhos acompanhando cada salto.

Era o mundo espiritual.

Sabia que era verdade da mesma forma que conhecia meu sorriso, minha voz e meu coração.

No meio desse lugar tão mágico, havia uma grande e especial árvore. Era um conjunto delas, na verdade, entrelaçando os troncos finos e ganhos altos, se mesclando de uma forma que o centro ficava uma estranha luz azulada como se fosse a prisão de uma estrela azul. Do outro lado dela, mais a frente, estava um pequeno rio de águas verdejantes e escuras, refletindo apenas a vegetação ao redor.

As folhas caíam como garoa vez ou outra, pequenas e gordas no formato de lágrimas. Foi neste lugar que senti a ligação com Nisroc puxar uma vez mais e me guiando para a árvore, mais de perto percebi que no interior da luz parecia formar imagens, formas e alguém.

Meu sorriso foi tão natural que me surpreendeu, a luz azul me mostrava as coisas sob a perspectiva de meu querido Menino Corvo. Ergo a mão e acaricio os limites de sua iluminação, tingindo minha pele com um tom lindo como a tatuagem em minha testa. Era a cor da deusa Nyx. Um lindo tom que lembrava o nascimento de um dia limpo de nuvens depois de uma longa noite.

– Ah, Nisroc ... O que posso fazer por nós?

O ambiente que Nisroc enxergava era um tipo de quarto escuro, sem janelas e com uma única porta como meio de entrada e saída. Ao lado dele alguém falava freneticamente, um garoto de longos cabelos lisos e pesados, reconheci facilmente Rephaim e pela expressão em seu rosto havia um tipo de felicidade ... Queria ser capaz de ouvir o que eles estavam conversando ...

Foi então que a luz oscilou e expandiu de dentro das árvores.

– ... sinto que pode dar certo, irmão

– Você não entende mesmo, né? Olhe para mim, irmão! Olhe atentamente!

– Eu enxergo você Nisroc

– E o que você vê?

– Um garoto confuso, mas não mais perdido – Rephaim tornou a sorrir – Você pode seguir o caminho da deusa como eu e ficar com a garota que ama

– E ela me amará de volta?

– Isso somente ela pode te responder

– Eu parei de falar daquele jeito animalesco como Toh e os outros

– Percebi, mas o que mudou?

– Acho que algo ...

– Darius acredita que vocês se carimbaram – Senti um choque com essas palavras, mas desconfiava que não era um sentimento meu – E Stevie Rae também acha isso

– Carimbagem?

– Você sabe o que é

– É um elo entre o vampiro e alguém – Nisroc fala como se tivesse decorado essa informação para si mesmo – Quando o vampiro bebe o sangue de um humano, há a possibilidade deles se carimbarem e este elo faz com que o ato de beber seja mais prazeroso

– É mais do que isso, Nisroc. É como uma ponte entre vocês que não pode ser quebrada

– Errado, pode e deve ser quebrada