Capítulo 18

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Quando que sai da Morada da Noite no meio de uma tempestade, com raios e tudo, lembro vagamente das coisas como um borrão. E ao parar no meio do mato ... Os olhos vermelhos me encarando, barulhos estranhos que farfalhavam, um grasnar e depois disso ...

Eu desmaiei.

Comecei a acordar e, sem abrir os olhos, senti o tato de minhas mãos. Meu corpo tremeu um pouco ao sentir uma dor forte na lateral da cabeça, como se tivesse batido e quando enfim abri meus olhos não reconheci o lugar que estava.

As paredes cheias de reboco por fazer, buracos enormes que mais lembrava desenhos de cartografia, o chão era apenas um concreto sem mais nada e tão sujo e preto que era obvio que ninguém vivia ali. Se não bastasse isso, só olhar para a pia de metal com canos cheios de ferrugem e quebrados.

Estava numa cama improvisada e ao levantar percebo que se tratava de uma espécie de bancada presa na parede por correntes acima presas nas duas pontas laterais e a outra lateral era uma dobradiça tal como uma porta. Só que de ferro inoxidável e, portanto, era a única coisa naquele quartinho que não se deteriorou pelo tempo e esquecimento.

A saída dali era de uma abertura que poderia colocar uma porta ou cortina, mas não havia nada ali e sigo caminhando até lá, dando de cara com um corredor sombrio tirado dos filmes de terror de Marie. Blasfemo mentalmente por ter participado das noitadas assistindo com todos, porque agora só me vinha a mente as memórias de cenas de fantasmas, assassinos e afins.

O problema era que meu algoz era de carne e osso, um verdadeiro pesadelo e provavelmente quem me trouxe até ali.

Havia uma janelinha pequena acima da cama improvisada, ao menos dava para ver a chuva caindo pesado e ainda havia luz diurna.

Não devia ter dormido tanto e ...

Ao tocar meu braço percebo que não estava molhada, como deveria estar!

Começo a olhar para meu corpo e percebo que em vez de roupas de dormir, estava usando uma camiseta larga amarela (que deveria ser branca, aliás) e uma calça de moletom preta velha e com alguns rasgos. Ainda estava descalça, mas ao menos estava quente e seca. Passo os dedos pela roupa e estava limpa também.

Um Raven Mockers poderia ter tanta consideração? Quando miro a cama improvisada e os cobertores ao redor como se fosse um ninho e as roupas que me emprestou ... Se foi ele mesmo e não algum desconhecido gentil ... Seria possível?

Sigo pelo corredor sombrio, apesar de estar com tanto medo que o frio dos meus pés brotam para dentro do meu estômago. Caminho por um tempo até que encontro o que seria um grande salão, havia bases de lâmpadas cilindro no teto alto, diversas janelas pequeninas de vidro grudado que formavam um triângulo com a base maior na altura do chão.

E bem diante de mim uma porta dupla de ferro com correntes que brotavam bem no meio, aonde deveria ter um trinco. Vou até lá e tento puxar, estava com um cadeado do lado de fora pelo jeito e mesmo tentando empurrar, o metal era forte o suficiente para não ceder.

Estava trancada naquele lugar pelo jeito. A única solução era procurar outra saída e dou meia volta, retornando para o corredor em busca de algum jeito de sair dali.

O resto do lugar era um labirinto abandonado, com cômodos parecidos com o que eu acordei e o fim do corredor dá em um galpão, havia portas de ferro que se abriam para cima, mas o trinco era no solo e não cedia também. Como pode a segurança de um lugar assim ainda se manter? Enquanto todo o resto do lugar apodrecia?

Me sento ao lado da porta e ouço a chuva lá fora, um pouco de poça serpenteava para dentro e criava um tipo de pequeno rio. Fico vendo isso por muito tempo até que enfim ouço um barulho de metal. Me levanto rapidamente e corro para a frente do lugar, naquele ambiente enorme.

PerdoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora