Capítulo 25

17 7 0
                                    


(Nisroc)

Mais uma vez estava na Morada da Noite de Tulsa, atraído por um mundo vibrante e cheio de risadas e cheiros, alegrias e família. Como se tudo isso fosse parte de uma realidade que nunca teria acesso, então ficava ali empoleirado e espreitando acima das árvores.

Seus irmãos perguntaram vez ou outra o que o motivava tanto a se arriscar no território dos vampiros. O que responder? Era aquela sensação em seu sangue que o puxava para lá e quando percebia estava olhando a novata Blume-Liebe, ela também era atraída por uma sensação fantasma como ele.

Naquela noite não era diferente, mas ela não foi até ele de imediato.

Humanos entravam no lugar aos pares e grupos, conversavam e interagiam com os vampiros e seus novatos, se abraçavam e as vezes brigavam. Era uma situação confusa.

Por que eles estão indo lá? Por que os vampiros e os humanos interagem?

E em meio a essa conflitante onda de pensamentos, fiquei o melhor possível escondido e observando a todos. Mesmo quando um ou outro guerreiro passava, nunca o notavam ali. Estava contra o vento, então eram os aromas que invadiam seu espaço e pareciam doces convites.

"Convites". Que palavra amarga e afiada, cortando qualquer sentimento feliz que poderia nascer da ilusão de seus sonhos.

Não, ninguém o convidaria para entrar e jantar. Mas e Rephaim? Seu irmão não se encontrava em lugar algum, nem mesmo a vermelha que era sua companheira.

– Nisroc?

Tive que olhar para baixo por causa do chamado baixinho, Blume estava ali. Pisquei algumas vezes para ter certeza de que não era outra ilusão.

– Vai ficar aí? Não quer descer e me fazer companhia?

– Ssssssiiiimmmm, eu voooou desceeer

Um doce sorriso marcou o rosto dela, mas não passou despercebido o rastro de lágrimas nas bochechas coradas.

Desço num salto ágil, usando minhas asas para não fazer barulho e flutuar até o chão. Uma vez em pé, ajeito as asas e as fecho. Quando faço isso, Blume me surpreende com um abraço apertado e enfiando a cabeça contra meu peito, fazendo cócegas com seu nariz fino.

– Ai

– Eu machuquei você? – Ela pergunta assustada.

– Não – Segurei seus braços para que ficasse no lugar – Só me surpreendeu

– Ah, entendo – Ouço uma fraca risada dela – É, eu também estou bem surpresa hoje

– O que aconteceu?

– Quer ouvir papo de novata vampira?

– Humn? Achei que era isso que amigos faziam ... Isso se me considera, sabe ... Seu amigo ...

– Claro que considero! Só quero que saiba que pode ser dramático

– Dramático?

– Significa que é confuso e exagerado, em partes claro

– Entendi – Tento soar confiante – Mas seja o que for, pode me contar o que quiser

– Obrigada, Nisroc – Deixo que ela dê um passo para trás, mas ainda mantinha contato físico ao segurar suas mãos entre as minhas – Hoje é visita dos pais, entende? E meus pais vieram me ver

– Pais? Oh – Pisco algumas vezes com a compreensão – Agora entendo o que fez os humanos irem até a Morada da Noite

– Sim, né. Os novatos nasceram humanos antes da transformação em vampiros

PerdoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora