19_gruda na alma

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Anna

...Bipolaridade te consome.

- Talvez se você fosse menos idiota...

- o que eu te fiz?

- Nada, você só é um idiota, tenta refletir suas atitudes.

- Tudo bem. - me olhou. - É só pedir para que eu não fale com você.

- Não... - falei rapidamente, me arrepedendo em seguida. - Quer dizer, sim. - ele abriu um sorriso.

- Sim, o quê?

- Você tá me torturando.

- Eu tô tentando te entender, sua louca, o que merda você tem?

- Você não tem nada pra me contar?

- Eu devia ter algo pra te contar?

- Você devia?

- Como eu vou saber?

- Eu não vou te pressionar, você precisa admitir.

- O que eu vou admitir?

- Ei, vocês dois me ajudem, por favor. - nós olhamos para uma velha, quase se cagando levando umas 60 sacolas.

Velho inventa, viu.

E lá se foi mais uma oportunidade...

Ele não vai me contar?

- Por que as garotas da sala tem queda por você? - perguntei depois de ajudarmos a velha a chegar em sua casa.

Agora estamos de volta a estrada para casa.

- Quer mesmo saber? Não, você não quer. - ele sorri e já sei do que se trata. - Mas eu não ligo que me querem, não é só minha aparência que importa. Não tô nem aí para elas.

- Devia estar, elas são gostosas pra cacete. - ele deu um sorriso desconfiado. - Quero dizer, deveria sei lá, ter uma namorada. - arrisquei. - Uma pessoa tão bonita não deveria estar solteira. - Usei a ironia.

Sua testa ficou tensa, achei que estava incorporando o Zayn.

- Eu realmente deveria ter uma namorada. - colocou as mãos no bolso e eu fitei seus olhos sentindo dor nos mesmos, eles me transmitiam dor. - Talvez até uma noiva. - sorriu. Mas era um sorriso estranho.

- O que quer dizer com isso?

- Não quero falar sobre isso. - ele fechou a cara.

Merda, ele fugiu.

De novo.

Como vou puxar esse assunto de volta?

- então... vamos conhecer seus avós?

- Não, para de insistir. - ele deu um sorriso bobo. - Já te disse, eles são ruins.

- Por que do sorriso?

- Eu nunca levei alguém lá...

- Por quê do sorriso?

- Conhecer meus avós vai te deixar feliz, então?

- Lógico, eu amo velhinhos.

- Sério? - sorriu inclinando a cabeça pro lado de um jeito bonitinho.

- Sim. - dei um sorriso.

- Não sei, vou pensar.

- Pensar?

- Sim, mas você não vai falar muito com eles.

- Lógico que vou.

- Não falar muito, só o básico.

- Você é louco.

- Aceita?

- Sim. Tudo por velhinhos. - levantei o punho em comemoração. - Seu motorista vai levar a gente amanhã?

- Sim.

- Então depois da escola eu vou com você. - disse animada quase saltitando na rua.

- Ok. - ele parecia inseguro mas deu um sorriso. - Eu nunca te vi animada assim, essa é a primeira vez, sei lá, você parece um morto vivo. - ele riu e eu fechei a cara. - é que realmente é dificil te ver de bom humor e é por quê te conheço a pouco tempo.

- Eu gostava dos meus avós. - suspirei. - O único problema deles era a homofobia.

- Nossa, que horrível.

- Sabe, se eu sugerisse um lugar, acho que você odiaria assim como qualquer outro adolescente idiota. - os adolescentes de hoje parecem odiar as coisas que gosto de fazer.

- Me deu até medo, você deve ser uma psicopata maluca, sabia que você parece uma?

- Eu sou e eu vou te matar sem piedade.

- Eu também posso te matar... de outra coisa.

- Vai começar?

- Chata.

- Tchau cara de merda, até amanhã. - falei percebendo que a gente chegou em casa e ele riu.

- Você é tão carinhosa, docinho. - falou e eu gargalhei.

- Sério? Eu sou um docinho amargo, que deixa um gosto ruim na boca.

- Que bom, por que eu gosto disso. - nossos olhos se encontraram.

Meu coração começou a bater forte e eu não faço ideia do por quê.

- Me dar seu moletom pra mim te mostrar uma coisa estranha. - ele me olhou confuso mas tirou e me entregou.

- Observa bem, tá? - ele assentiu e eu fui me aproximando da porta de casa. - Obrigada pelo moletom, otário. - entrei rapidamente em casa e tranquei a porta.

Ele não faria um escândalo, faria?

Eu tô precisando de um moletom e ele derrubou meu sorvete.

Recompensas e afins.

Subi para meu quarto e usei o moletom que ficou folgado e um pouco grande, cobriu o short que eu usava e cobria metade das minhas coxas mas não chegava até o joelho, era perfeito.

Eu senti o cheiro dele praticamente grudar em mim.

O cheiro desse maluco gruda na alma.

Era muito bom mas me neguei a admitir que gosto do cheiro dele, talvez eu esteja ficando louca.

Tirei o moletom e joguei no closet me amaldiçoando por deixar aquele suricato entrar na minha cabeça.

Bem que ele poderia ter cheiro de gambá.

Ele deveria facilitar para mim.

Mas aquele cheiro irritantemente bom, já estava em mim e o problema é que era forte e amadeirado, era uma delícia sentir, quer dizer, não era não.

Que vida difícil.

com um bloqueio criativo enorme, mds...
Agora só vou postar sexta

Não se esqueçam de votar❤❤

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