04_coluna reta

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Anna

Acordei há 10 minutos.

Simplismente apaguei ontem, por estar cansada da viagem.

observei mais uma vez o quarto, vi que a janela não tinha grade, aqui não deve existir ladrão, não.

Ainda quero saber como alguém acorda cheio de energia, por quê eu acordo só o pó e com mais sono do que quando fui dormir.

Levantei da cama e fui em direção à escrivaninha, peguei meu celular vendo às horas me assustei.

06:06

Eu sempre acordo cedo na casa dos outros.

Preciso descer daqui à pouco e entregar algumas coisas para minha tia concluir minha matricula na escola.

Entrei no banheiro sendo torturada por pensamentos, estou ansiosa para amanhã.

Escola.

Um dos meus piores pesadelos.

Odeio escola, é um ambiente que destrói o psicólogico de várias pessoas.

Eu não tenho problemas com isso, sou praticamente invisível mas sociável.

Saí do quarto, não saí dele desde que cheguei aqui, eu não posso me trancar aqui também.

Desci as escadas e vi Mariana tomando café, ela estava dentro de um uniforme escolar.

Lindo

Parece até aqueles uniformes de doramas.

Daí você olha e lembra que mora no Brasil, onde as garotas precisam usar calças fechadas para prevenir o assédio por quê garotos e principalmente professores não se controlam.

Depois perguntam por quê fiz de tudo pra sair de lá.

- Você já está de pé, se fosse você aproveitava e não levantaria tão cedo, você nem vai à aula hoje. - falou Mariana enquanto comia apenas um pedaço de bolo, por mais que a mesa estivesse cheia.

- eu tenho que entregar meus documentos para sua mãe.

- Oi, ontem cheguei tarde e não vi quando você chegou. - falou minha tia saindo do escritório e vindo até mim. - Você está linda e muito parecida com a sua mãe - disse ela me dando um abraço e logo em seguida um beijo na testa.

- A senhora também está muito linda, não mudou nada. - sorri.

- Ainda bem que você está com os documentos, eu iria realmente pedir. Amanhã mesmo você já poderá ir à escola.

- obrigada. - falei e ela sorriu.

- É um prazer ter você aqui, agora vou voltar para o escritório, preciso resolver algumas coisas, estou atolada de trabalho - eu assenti.

Me sentei à mesa, e comecei a me servir.

- Minha mãe gosta muito de você, ela não costuma gostar de familiares - disse Mariana e eu sorri.

Minha tia é parecida comigo até no fato de não gostar de parente.

- Bom dia, Anna. - falou o Marcos depois de descer a escada e sentar do meu lado na mesa com a coluna incrivelmente reta.

Por um segundo, me senti uma velha, considerando o estado de minha coluna.

Ele olhou para Mariana com tédio. Marcos também estava com o uniforme escolar e todo engomadinho por sinal.

Seu cabelo o deixava mais bonito pela forma que ele arrumava, mas como diz minha mãe, parecia ter sido lambido por um jegue.

- Termina de comer rápido, não vou te esperar. - Falou Marcos levantando e saindo da cozinha. Me lançou um sorriso simpático antes de sair.

Logo depois Mariana levantou-se, vindo até mim e me abraçando.

- As pessoas aqui, me chamam de Mari, pode me chamar também. - senti minhas bochechas corarem e me amaldiçoei por isso.

- Tá, é mais fácil de pronunciar mesmo.

- A gente pode fazer alguma coisa mais tarde.

- Podemos sim - Transar, eu diria.

O único problema é que eu tenho certeza que ela é hetero, conheço heteros de longe.

Quando meus primos saíram, aproveitei para comer a vontade, tudo o que conseguia.

Depois de encher a barriga, subi para o meu quarto e me joguei na cama.

Peguei meu celular e liguei para Clara, que provavelmente me atenderia.

- Alô, quem tá falando? - Clara perguntou mesmo me vendo pela câmera do celular.

- Oi, puta.

- Tava esperando tu ligar vagabunda, tu não sabe o que aconteceu aqui.

- Lógico que não, não sou onipresente.

- Fala assim comigo de novo e eu quebro sua cara. - riu. - Geovana terminou com Danilo.

- Mas já tava na hora, levou mais de 50 gaia e ainda continuava com o presente de Deus. - ri e ela gargalhou.

- Você não presta. - sorriu boba pelo outro lado da tela. - Mas e como estão as coisas por aí?

- Tá bem, meus primos são uns gostosos, eu entendi agora o que significa bi panic.

- Para com isso, são seus primos. Não se interessou por ninguém?

- Ainda não vi ninguém, só um garoto que nem vi o rosto mas tenho certeza que tem um dente quebrado. - ri.

- Como assim?

- Preguiça de contar, vou desligar, só liguei pra te dar um chero.

- Eu tô com seu irmão. - eu arregalei os olhos e surtei internamente.

- E não se mataram?

- Quase consegui ontem. - deu um sorriso.

- O que rolou? Você tá pegando ele?

- Lógico que não, eu tô na sua casa, o mundo está simplismente conspirando contra mim.

- O que? - fiquei preocupada.

- A gente casou e ela veio morar aqui. Você vai ser tia. - ouvi o Vini falar.

- Mais fácil o mundo acabar do que você namorar alguém.

- Longa história, depois conto, também estou ocupada.

- Conte mesmo, vou desligar tá?

- Tchau, saudades vagabunda, me liga, tá?

- Eu te amo feia. - encerrei a chamada.

Já estava quase na hora do almoço quando desci às escadas.

Fui até a sala e me sentei no sofá. Levantei novamente, pegando o controle da Tv e colocando na Netflix.

Assisti uma série estranha.

Um garoto que não tomava banho viajava em máquinas do tempo que ele mesmo havia criado e não sabia. De repente todo mundo começou a viajar no tempo e transar com os tios.

Foi só isso que entendi.

E agora acho que eu devo ter transado com o Marcos e comi a Mari que era minha filha com o Marcos.

Essa série me deixou simplismente maluca.

A porta da casa foi aberta, revelando meus primos.

- Yae. - disse Marcos vindo até mim e depositando um beijo na minha testa, em seguida subiu as escadas e sumiu da minha vista. Lindo e ainda carinhoso.

Alguém quer um Marcos?

- Anna, eu tenho uma festa pra gente na sexta. - falou Mari.

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Deixem seus votos e comentários, me motiva bastante e me ajuda a não desistir.

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