23_desisto de você

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Anna

- E então com seus pés já posicionados desse jeito, fecha os punhos correntamente, colocando o dedão sobre os outros dedos, dessa forma, você não se machuca. Você já aprendeu o resto, né? - disse enquanto mexia nos meus dedos, organizando-os para conseguir fechar meus punhos corretamente.

- Acho que não aprendi certo. - disse mentindo apenas pra ver ele me ensinar de novo. Não sei por quê, mas sentir ele tocar meus braços e pernas enquanto me ajeita parece tão bom.

- Porra, é a quinta vez que eu te ensino e você tá fazendo certo, só erra quando fecha os punhos dessa forma. Vem, acerta aqui. - colocou uma almofada a minha frente e eu acertei ela. - Isso, cacete, você até que aprende rápido. Mais forte dessa vez, vai. - acertei a almofada de novo.

- Boa garota. - fez toque comigo e deu um tapa na minha testa em comemoração. - um pouco lerda, mas... Meu Deus, não deveria ter te ensinado. Acabei de criar uma arma para me matar.

- Já era, soldado.

- Mas falando sério, não usa isso como brincadeira, você pode deixar alguém ferido ou até desmaiar alguém. - eu assenti.

- Eu posso socar você às vezes?

- Não, de nenhuma forma.

- Tem mais alguma forma que posso socar você? - sorri e ele deu um tapa fraco na minha bochecha e apontou o dedo na minha cara.

- Safada.

Eu olhei com os olhos arregalados para ele e para o avô dele, que observava a gente, enquanto o Gabriel me ensinava alguns golpes.

- Me respeita. - dei um soco fraco na sua barriga e ele fingiu dor. O avô dele riu negando com a cabeça.

- vocês tão com fome, preparei um lanche. - a vó do Gabriel falou aparecendo na sala.

- Acho que a gente não tá. - falou o Gabriel se aproximando um pouco. - Você tá com fome? - Eu fechei os olhos com força.

Eu tô morrendo de fome mas nunca admitiria.

- Eu não perguntei, eu afirmei, vocês tão com fome.

A vó do Gabriel com a ajuda de uma empregada colocou várias comidas que cheiravam bem em uma mesinha baixa.

Eu fiquei com água na boca mas estava com muita vergonha então fiquei parada, com fome mas não teria coragem de pegar nada na mesa enquanto o Gabriel que disse que não queria, se lambuzava.

Eu o olhei quando ele estava mastigando de boca cheia mas mesmo assim tentando rir pra mim, por um momento eu enxerguei ele em câmera lenta, por mais que essa seja praticamente a última vez que a gente tem contato, eu vou guardar essa imagem um tanto engraçada na minha mente.

- ouh, vai ficar babando por mim ou vai comer? - perguntou e eu sorri sem jeito. - Se o meu amor tá com vergonha, eu dou na boca, abre a boquinha, abre. - eu ri e abri a boca mas ele comeu o que tava me oferecendo. - só vai comer se me beijar antes, concorda vovô?

- Não. - falou o lindo e eu gargalhei. - pode pegar menina, deixa esse mimadinho pra lá. - riu.

- Obrigada pela parceria lindo. - peguei um salgado na mesa.

- É só eu vacilar que sou trocado, nunca pensei isso de você vô, que traíra. - falou fingindo tristeza. - e você também. - apontou pra mim.

- Eu gosto dos seus avós, não de você, se toca.

- O que eu fiz pra você, sua maluca?

Os avós do Gabriel se olharam e gargalharam, não entendi qual a graça.

Senti um líquido um tanto gelado ser derramado em mim, acho que sou a garota mais azarada do mundo.

Fechei meus olhos com força.

Mas que merda.

- Me desculpa de verdade. - caralho, era meu uniforme novo. Me deu uma vontade enorme de chorar.

- Tudo bem. - levantei da cadeira e sorri pra empregada que me olhou envergonhada. - Acontece. - abri mais um pouco o sorriso para que ela não se sentisse mal. O uniforme tava branquinho, cara.

Olhei pro Gabriel com os olhos cheios de lágrimas e o mesmo abriu um sorriso de canto e continuou comendo. Idiota.

Não culpo ela, se eu fosse empregada, isso com certeza aconteceria, sou um desastre em pessoa.

- Se fosse eu, já estaria sendo execultado. - Gabriel sussurrou. Lancei um olhar mortal em sua direção e ele se encolheu fingindo medo. - Quer ajuda?

- Ajuda em quê?

- Ah, você quer ir pra casa suja? - desceu seu olhar para meus seios. - suja pra caralho. - olhou novamente pra mim. - essa farda fica transparente quando molhada e meu sutiã ficou visível - Acho que perdi a vontade de te ajudar.

- Por que?

- Não seria uma boa ideia.

- o que custa ajudar sua amiga Biel? Você conhece a casa.

- A empregada pode vir comigo?

- Mas e o chão? - perguntou a empregada e eu olhei pro Gabriel que tava evitando me olhar.

- Vem. - levantou da cadeira e caminhou na minha frente, eu apenas o segui.

Eu estava esperando encontrar uma escada mas encontrei um elevador.

Entramos no elevador e ele apertou um botão. A mansão tinha três andares, sério, que exagero.

coisas de rico.

Me encostei em um canto ficando de frente pra ele. Eu não queria olhar pra ele, mas seu olhar me chamava.

Eu o olhei e ele encarou os meus olhos e pude ver ele desviando uma vez para meus seios, fixando seus olhos nos meus novamente.

Ele mordeu os lábios com força, fechou os olhos e jogou sua cabeça para trás.

- Você me tortura tanto. - sorriu negando com a cabeça. - de todas as formas.

- Queria ler seu pensamento agora. - falei.

- impróprio para menores de 18 anos. - riu. - até meus pensamentos te incomodam? - Assenti e ele se olhou no espelho atrás de mim. - Isso por que você não sabe o que eu tava pensando. - sorriu passando os dedos entre seus fios de cabelo.

- O quê?

- Minha mente não se conecta com a minha boca quase nunca.

Ele andou a passos lentos até mim e quando ficou frente a frente comigo, olhou no fundo dos meus olhos.

Se aproximou mais um pouco e olhou para minha boca, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e suas mãos deslizaram para os botões da minha camisa.

- Posso?

- Não. - ele sorriu de canto. - o que tá tentando fazer?

- Eu só ia te mostrar o que eu tava pensando.

- Eu não te pedi pra fazer isso.

- Por que você tem que ser assim? A gente podia ficar agora e seguir a vida depois, como se nada disso tivesse acontecido, se você é das que preferem sigilo. - eu revirei os olhos.

- Não.

- Você tá me fazendo te odiar. - sorriu.

- Eu não ligo.

Ele colocou suas mãos em volta da minha cabeça e sorriu como se aquilo fosse a coisa mais linda que eu tivesse dito. O garoto passou seu polegar pelo meus lábios e depois acariciou meu pescoço me causando cócegas.

- Toda vez que acho que tá sedendo pra mim, você parece acordar de alguma forma. - eu não o respondi e ele se aproximou. - Relaxa, desisto de você.

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