Anna
Fui até uma praça bem perto de casa apenas para tirar uma foto e mostrar para minha mãe que estou saindo do quarto e socializando.
Quando decidi voltar para casa, comprei um sorvete.
O dia tava um pouco frio e sim, eu tomo sorvete no frio por que eu sou fria como gelo.
Agora se um dia você ver eu chorando assistindo filme em que o cachorro morre, não era eu.
Comecei a andar lentamente, com um sorriso no rosto, satisfeita com meu sorvete, enquanto chutava algumas pedras perdidas pelo chão.
Passei por uma porção de gente e alguem esbarrou em mim e eu derrubei meu sorvete.
DERRUBEI MEU SORVETE
Corno, filhote de urubu, vou chorar, que ódio, tomara que caia e quebre a cara, der o cu e sinta arder.
- Desculpa. - eu conheço essa voz.
- Tudo bem. - levantei o rosto. - não tá tudo bem não, filho da puta. - disse encarando o Gabriel que agora tinha um sorriso no rosto. - Vai se foder.
- Calma.
- Você tá me seguindo?
- A rua é pública, minha casa é logo ali e eu não perderia meu tempo seguindo você, não mais.
- O que garante que não?
- Eu tava na Hamburgueria esperando esse hambúrguer. - levantou um hambúrguer aparentemente quente. - aliás deve ser bom por quê é caro pra caralho. E ei, eu não te devo satisfação.
- E o meu sorvete?
- seu sorvete? Sei lá. - deu de ombros.
- Você derrubou meu sorvete. - disse em um tom de fúria.
- Desculpa, te pago outro.
- Eu não iria precisar se não tivesse derrubado, e eu não quero nada seu.
- Ok. - ele me olhou confuso. - então, desculpa.
- Não tá desculpado, só se... - pensei em fazer ele admitir que tem namorada mas isso seria estranho. - formos conhecer seus avós amanhã.
- Não. - por quê ele não quer fazer isso?
- Por quê?
- Eles são ruins. - prendeu um sorriso.
- Ah. - disse meio sem graça. Por quê tenho a impressão de que ele está mentindo?
- Eu posso te dar um beijo. - se aproximou e eu ri.
- Se aceitasse não estaria ganhando, estaria perdendo a noção.
- Todas que provaram, imploraram pra terminar o que comecei, se é que você me entende.
- Você é engraçado. - comecei a andar para casa e ele veio atrás de mim.
- Eu tô falando sério garota.
- Muito obrigada mas não vou aceitar. Deixa quieto, não quero mais nada.
- Você me recusou, não é todo dia que eu me ofereço pra alguém, você tem certeza que gosta de homem? - perguntou e eu gargalhei.
O ego dele é tão grande ao ponto de achar que sou lésbica apenas por recusar ele.
- Sim, gosto de homens mas não como você que se oferece por aí, prostituto, eu diria.
- Me respeita - falou rindo.
- Você que não se respeita, acabou de se oferecer pra mim - ri.
- Só me ofereci por que é pra você.
- falhou, tenho certeza que fala isso pra todas.
- Eu não preciso falar, talvez estalar os dedos.
- Então estala. - ele estalou.
- Ai Gabriel, você é tão lindo, eu quero tanto dar pra você. - falei com ironia.
- finalmente admitiu.
- Me beija - falei séria, parando do seu lado e ele paralisou.
- Tá falando sério?
- É assim que conquista as garotas? elas pedem pra você beijar elas e você pergunta se estão falando sério? Vou aderir a técnica, fodão. - ele se aproximou um pouco de mim quando murmurou.
- Técnica pra pegar mulher? - piscou com um sorriso de canto e eu sorri sem graça.
Ele sabe
E eu sei que ele sabe
Ou não.
Ele me deixa confortável.
Ele seria um bom amigo, vai.
- Você é uma merda difícil de entender. - Colocou as mãos no bolso. - e eu não sei quando está falando sério, agora à pouco você falou sério, mas você tava apenas brincando.
- Obrigada pelo elogio, eu sou atriz.
- Se você realmente curte caras, qual fazem seu tipo?
- Segredo. - ri irônica. nem eu sei, ele me chama atenção mas eu nunca admitiria isso, ele tem namorada, ops, ainda bem que lembrei disso. - pra quê quer saber? - ele pareceu ter sido pego de surpresa com a pergunta.
- É pro meu amigo Michael Jackson, não é Michael? - olhou para o outro lado. - Merda, ele correu, bem que ele falou que morria de vergonha de você.
Eu revirei os olhos.
- Mas o meu pau ainda tá aqui pra te fazer companhia, ou outras coisas. - riu e eu arregalei os olhos.
- Aviso importante para prevenção. - sorri. - Se você não parar, eu vou te bater.
- Ok, madame. Seu gostoso já está em silêncio.
- Meu não.
- Seu sim, na hora que você quiser. - sorriu divertido e eu bufei. - Eu não consigo flertar sério com você, é como se eu te quisesse mas eu me sentisse a vontade para brincar.
- Tá inventando desculpas por flertar mal?
- Se eu realmente estivesse flertando pra valer, você seria minha ontem, mas eu estranhamente gosto de brincar com você e prolongar a nossa conv... - Eu andei mais rápido e ele me acompanhou facilmente.
- tinham duas garotas falando de você hoje.
- Duas que sentam na sua frente, eu sei. - falou abocanhando o Hambúrguer. - Eu já comi a amiga dela e ela quis namorar comigo... - falou de boca cheia e me ofereceu o que ele estava comendo. - mas eu, como o cachorro que sou, recusei.
Eu dei uma mordida no seu hambúrguer e ele sorriu. Tive a impressão que vi seus olhos brilharem.
- Ela é legal, até, mas é um pouquinho chata assim como quase todas as garotas que já fiquei daquele colégio. Hoje ela finge que não me conhece... - Eu roubei sua lata de refrigerante. - Ei.
- Cara, você já comeu todo mundo. - olhei pra ele.
- Falta alguns... tipo você.
- Você não cansa de flertar?
- Pra onde vamos amanhã?
- Já que não podemos visitar seus avós, qualquer lugar serve, não mandei me escolher como dupla, eu nem queria fazer com você.
- De nada por não te deixar ficar sem nota. - Eu esqueci dessa parte. - Você era marrenta mas era legal ontem, hoje, você só falta me jogar na frente de um carro, bipolaridade te consome.
Votem e comentem, me motiva a escrever
VOCÊ ESTÁ LENDO
Azul
Teen FictionAnna é uma garota vazia, que está esgotada de sua vida mesquinha e escolhe que quer viver de outra forma, Anna teve um passado difícil e através disso, parou de acreditar no amor. Gabriel é completamente ao contrário de Anna, é cheio de problemas e...