30_Hannah

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Anna

Comecei a andar, saindo da casa. Andei pela rua onde as casas já estavam todas fechadas e a rua já estava escura.

Acho que caminhei muito e meu salto resolveu quebrar logo agora. Eu só precisava desatar um nó que tinha nele.

- Oi gatinha, precisa de ajuda? - eu levantei pra ver quem era sem desatar o nó do salto. Me virei para trás e vi o Vitor sorrindo desajeitado, era nítido que ele estava bêbado.

- Não, já estou voltando pra festa. - tentei desviar dele e ele entrou na minha frente e eu fui para o outro lado e ele fez o mesmo e agarrou meu braço.

- Logo agora que eu cheguei aqui, a gente pode terminar o que começamos lá na festa.

- Desculpa, mas eu não quero.

- Para com isso, gata. Eu sei que você quer. - falou apertando meu braço muito forte. E com sua outra mão começou a alisar o meu rosto.

Ele tentou me beijar á força.

- QUAL A PARTE DO NÃO QUERO VOCÊ NÃO ENTENDEU? - dei uma joelhada forte entre suas pernas fazendo ele me soltar e eu sai correndo em direção a festa mas meu salto quebrado não ajudou muito.

- Vou te pegar, sua puta. - começou a correr atrás de mim.

Entrei em pânico.

Corri um pouco e me abaixei rapidamente para tirar o salto e depois continuei correndo. A rua estava fechada e eu olhei para trás e ele corria atrás de mim, cambaleando. Meu coração tava acelerado e eu estava com um medo horrível.

Eu não conseguiria chegar a tempo, ele corria rápido mesmo estando...

Parei onde estava, eu tô correndo de um bêbado por quê ele quer fazer algo comigo.

Não usa isso como brincadeira.

Você pode deixar alguém ferido.

Foda-se.

Posso ser abusada ou morta por um bêbado.

Ou eu tento ou estou fudida.

E eu não estou errada de machucar ele, quando ele quer me machucar.

Virei para ele e o mesmo me olhou com um sorriso.

- Isso, calma gatinha.

Fui até ele e dei-lhe um soco. Quer dizer, dois.

Um pouco mais...

Dessa vez com o punho fechado corretamente.

Dei outro soco nele, fazendo o mesmo cair e me afastei lentamente sacudindo minha mão que estava vermelha.

- Se vir atrás, leva mais. - disse limpando uma lágrima. - Gabriel, filho da puta, finalmente serviu pra algo que preste. - sussurrei batendo em algo.

- De nada. Eu sei que não é hora mas você realmente aprendeu direitinho. - Olhei pra ele e o xinguei mentalmente por ele ter me flagrado chorando pela segunda vez, dessa vez por algo sério.

- Atrasado príncipe. - tentei descontrair mas uma lágrima escapou.

Ele me olhou torcendo a boca como se estivesse com pena, raiva, mas o sentimento que predominava seu rosto era a euforia.

- Que mulher... - sussurrou em choque. - Você não precisa de um... príncipe, eu acho. - falou, parecendo perceber que a conversa estava ficando estranha. - Sai daqui, eu termino o trabalho pra você. Eu e ele precisamos ter uma conversa bem séria. - Olhei para o filho da puta no chão e comecei a andar.

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