32_terceira vez...

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Anna

- Você pediu aquele dia, não lembra?

- Não achei que você fosse cumprir. - sorri boba.

- Não fica se achando, é só por hoje. - falou sorrindo.

- Seu idiota. - fechei o sorriso.

- Não sei até quando vou aguentar ficar sóbrio.

- Sim. Acho que não consigo viver sem álcool, eu sou um viciado, porra.

- Mas você tem que tentar e eu acho que consegue sim.

- Você fala como se fosse fácil. - levantou do chão.

- Cara, você não bebe desde aquele dia?

- É... Mas não posso dizer que não estou vomitando todo dia e de alguma forma tenho medo de... Não... Você não entenderia.

- Eu posso te ajudar, eu posso ser sua amiga se você quiser. - ele sorriu de canto e negou com a cabeça.

- Todos querem, o problema sou eu. - Eu levantei e a gente começou a andar enquanto eu sentia muito frio.

- Eu não vou desistir seu idiota, prometo. - ele olhou pra longe parecendo não acreditar.

- Não promete...

- Eu prometo.

- Prometer é como se a partir daí, isso virasse uma obrigação que você precisa comprir, mesmo sem querer.

- Idai? agora estou presa a você, isso não é legal?

- Você não vai ficar, garota. Uma hora ou outra, as pessoas saem da sua vida e você tem que aprender a lidar com isso e não ficar prometendo para as pessoas...

- Cala a boca e acredita em mim, eu vou ser sua amiga, porra, você querendo ou não.

- Mas eu tenho que querer ser seu amigo pra nossa amizade funcionar.

- Eu sei que você quer. - ele contorceu a boca, para não sorrir.

- Você acha que preciso de terapia?

- Óbvio, com toda certeza.

- Você também não parece nada bem.

- Eu tô sim. - sorri. - bom, eu tava. - lembrei mais uma vez da cena e senti medo do garoto ao meu lado. - Avisa a Mari que a gente já foi pra casa. - ele assentiu puxando o celular do bolso e mandou uma mensagem. - O dia hoje foi longo pra cacete, parece que não vai acabar nunca, além disso a gente quase não se desgrudou.

- São 02:47, então o dia já acabou, é outro dia e a gente ainda tá junto. - olhou pra mim com um sorriso.

- O caminho não foi tão longo. - chutei  uma pedra, vendo que já estavamos na porta de casa.

- Te falei que não era. - colocou as mãos no bolso. - Bom, você tá entregue, agora pode entrar.

- Espera. - fechei os olhos com força, sentindo o medo de ficar sozinha tomar conta de mim - você pode ficar mais um pouco?

- o que?

- Eu não sei, se você for embora... - ofeguei e ele tocou minha mão.

- Eu sei exatamente o que você tá querendo dizer. Posso passar a noite. Se quiser.

óbvio que não.

- Não sei. está frio aqui.

- Tá me convidando pra entrar? - reviro os olhos.

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