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Karol

Merda. Essa é a palavra que define a minha vida hoje. Não que ela sempre tenha sido uma merda, mas, ultimamente não consigo limpar a merda que domina minha vida. Não, não tenho nenhum problema grave de saúde. Tenho um teto para morar e comida na geladeira, mesmo assim estou reclamando. Julgue-me! Olho para o prédio onde trabalho há seis meses e tomo um ar antes de entrar. Era para ser provisório; ficaria nesse lugar trabalhando de secretária até daqui a duas semanas, quando me casaria com Edmundo e daria "adeus" à vida de trabalhadora. 

Não que eu me importasse em trabalhar, mas ele não aceitaria que com todo dinheiro que tem, a esposa dele precisasse obedecer às ordens de outros que não fossem ele. Sabe o que é pior? Eu tinha aceitado abrir mão da minha independência e viver dependendo de um marido. Mesmo que um marido rico, dependeria de um dinheiro que não era meu. Agora, um dia depois de o flagrar comendo a secretária, penso que a merda já estava na minha cabeça há muito tempo. Entro no elevador e fico olhando o chão, tentando esconder meus olhos vermelhos. Não tive uma boa noite de sono. Para ajudar, com o casamento cancelado, eu tenho um milhão de dívidas, sim, eu deveria fazer o idiota do Henrique arcar com cada uma delas.

 Mas, tenho meu orgulho. Não vou pedir que ele pague meu enxoval de cama, mesa e banho (só peças caríssimas que eu comprei), os tapetes persas, as pinturas maravilhosas da última exposição que haviamos ido e nem meu enxoval de lua de mel. Imagina! Ele nem sabe das bolinhas comestíveis e as quinze fantasias que eu comprei para que pudéssemos nos divertir na lua de mel. Resultado: estou falida. Nem mesmo tirando todo o dinheiro que tenho no banco vai dar para cobrir tudo. Nem sei se ainda tenho um emprego, pois fui contratada por apenas seis meses. Acabei de rejeitar uma proposta excelente de trabalho porque me casaria.

 Além de tudo, vou ter que implorar a Agustín que me mantenha como secretária, tomara que ele não tenha dado meu cargo para outra pessoa. Olho para cima bem a tempo de ver que estou no décimo primeiro andar, eu deveria ter descido no décimo. Apresso-me para sair do elevador, não me importo de descer um lance de escadas, mas, no momento que dou um passo para frente, esbarro em um braço segurando um copo que vira em mim, molhando minha blusa social branca de café, além da pasta do homem. Ouço um palavrão escapando dos lábios dele e, para piorar meu constrangimento, olho para cima e vejo minha vítima, e então faço uma careta. Por que Senhor? De todos os idiotas que trabalham nessa empresa, por que toda vez que algo dá errado comigo é na frente de Ruggero Pasquarelli? Ruggero é um dos sócios da V.D.A Rede Hoteleira, e o mais estúpido dos três donos dessa empresa.

 Só trata bem as mulheres bonitas. É desagradável, mal humorado e pervertido. Claro que ele nunca deu em cima de mim, pelo menos não do jeito que eu me visto para vir trabalhar, por isso, só sobra para mim os insultos e as humilhações.

 - Me desculpe senhor Pasquarelli.

 - Tinha que ser você! - esbraveja ele.

 Nós dois saímos do elevador e eu corro para o banheiro mais próximo, o café quente está queimando minha barriga. Tiro a blusa e passo a parte suja na água. Então, uma voz me faz pular:

 - Está vermelho na sua barriga, é melhor lavar isso.

 Viro-me e lá está Ruggero Pasquarelli, com um sorriso malicioso, e embora esteja falando da minha barriga, está de olho no meu sutiã. Ele vê minha expressão espantada e sorri mais ainda.

 - Onde você esconde isso tudo, senhorita sevilla? - Fala ele olhando para os meus seios. Rapidamente, cubro os seios com as mãos. 

- O que você está fazendo aqui? Esse é o banheiro feminino!!

- Na verdade, é o banheiro masculino - fala ele apontando para os mictórios e só então reparo que havia mesmo entrado no banheiro masculino. - Eu ficaria de bom grado olhando seus seios a manhã toda, mas não queremos que mais alguém veja sua comissão de frente, não é mesmo? - fala se aproximando. Então pega minha blusa molhada de cima da pia e passa levemente na mancha vermelha na minha barriga. Eu puxo a blusa da mão dele com um solavanco

Cretino irresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora