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Karol

 Estou me sentindo estranha hoje

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Estou me sentindo estranha hoje. Não aconteceu nada de ruim, pelo contrário. Eu contei minha história mais cabulosa para Ruggero, coisa que nunca achei que faria. Esperava que ele nem fosse prestar atenção, ou que se esqueceria disso em cinco segundos e me pediria sexo, mas ele me surpreendeu. Ele entendeu o que eu senti, não me julgou, me consolou, me abraçou e fez amor comigo da maneira que eu precisava. 

E incrivelmente foi nossa melhor transa até agora! Ele foi carinhoso, intenso e apaixonado. Aliás, essa é uma palavra que o descreve bem, intenso. Deixou-me sem reação duas vezes ontem, quando disse que estava com ciúme, e quando foi tudo aquilo que eu precisava que ele fosse. Agora não sei mais como agir perto ele.

 Isso é sexo, não temos compromisso, não temos sequer um acordo de fidelidade, ele vai a um coquetel daqui a duas noites, provavelmente vai encontrar uma conhecida por lá. Ele pode querer passar a noite com ela e eu não posso fazer nada a respeito disso, é um direito dele. Mas quando paro para pensar que Ruggeo pode ficar com outra pessoa, isso me irrita. E não me irrita de um jeito fácil, como ele me irritou no avião e logo eu esqueci.

 Irrita-me de um jeito que dói, e isso me assusta! Ele também não parece tão à vontade comigo. Ele me beijou de manhã, antes de virmos para o trabalho, mas depois disso sequer olhou na minha direção. Quando chegamos ao prédio da V.D.A. os cochichos recomeçaram; sei que estão falando sobre eu estar de quatro na sala dele. Não adianta tentar me fazer de inocente, mesmo sendo inocente nesse caso, e nem fingir que não sei do que todos estão falando. Então ando com a cabeça empinada e faço questão de olhar para cada uma daquelas invejosas por cima.

 Que elas saibam que eu durmo com o chefe gostosão delas, elas não precisam saber que eu sei que qualquer uma delas também pode dormir. Trabalho assim o dia todo, em silêncio, e ele também. A forma como ele se afasta de mim me atinge. Merda! Deus, não permita que eu me apaixone por esse imbecil. Respiro fundo e penso no Henrique, e a raiva é tanta que entendo que não estou me apaixonando por Ruggero, ainda não estou pronta para isso, graças a Deus! Quando o dia cansativo acaba, vamos embora.

 Ainda há os cochichos quando eu passo, mas tenho a mesma atitude e estranhamente não me sinto tão atingida dessa vez. Talvez a vergonha por tudo que acontece comigo já estivesse gravada na minha postura, o que fazia tudo parecer bem pior do que realmente era. Ao entrarmos no prédio do hotel, meu telefone toca. Não é o toque do grilo engasgado, então sei que não é o Henrique. Olho para a tela é o Gáston, mas fico sem graça de atender perto do Ruggero. É como se eu estivesse traindo-o, mas logo percebo como essa ideia é ridícula e atendo.

- Oi Karol, como está? 

 - Bem, e você? 

- Ótimo agora que ouvi sua voz. Então, nosso jantar hoje está de pé, certo? 

Jantar? Hoje? Eu tinha me esquecido completamente, penso em inventar uma desculpa, mas vai ser bom me afastar um pouco do Ruggero e arejar minha cabeça. Mesmo porque agora que dormi com meu chefe, não vou mais sequer dar uns amassos no Gastón. Espero não ter que dizer isso a ele! 

Cretino irresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora