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                       ANNABETH

  Quando saí da escola me deparei com um motorista e seguranças. Deuses, como eu odiava isso. O caminho inteiro fiquei pensando o como parecia tão distante a vida que eu deixei pra trás. São Francisco parecia apenas uma nuvem se dissipando bem longe pelo horizonte.

  Mas eu sentia saudades. Do meu pai, meus irmãos, até minha madrasta, Rachel, de Luke. Ele era o motivo de eu gostar de ir para a escola, acordar ansiosa para ver ele, e nem precisava de uma interação. Eu só queria aparecer de algum jeito em seu campo de visão. E realmente aparecia, mas como forma de melhor amiga. Isso me destruía cada dia mais.

  Como se lesse meus pensamentos, ouço meu telefone tocar e vejo o contato de Rachel na tela.

— Rachel! — Atendo.

— Annie do céu! Tudo bem? Como é a casa da sua mãe? Ela te trata como? Já fez amigos? Ai de você se me substituir.

  Dou uma risada pelo entusiasmo da ruiva.

— Vai com calma, garota! Ai Rachel, aqui tem tudo pra ser um lugar incrível. Talvez no futuro seja, mas preciso me adaptar. Eu já fiz amigos, mas relaxa, viu? Ninguém chega aos seus pés.

— Acho bom — ela brinca. — Queria estar aí aproveitando com você. Por aqui, Luke me ligou falando que tem certeza que o terceirão vai estar realmente puxado. Até combinamos de criar um grupo de estudos com a galera.

  Tá aí o nome que eu queria ouvir. Meu coração até bateu mais rápido.

— Engraçado que eu sugeri isso a vida toda e vocês sempre disseram que era besteira minha. Mas e ele, como tá?

— O Luke? — Rachel suspira. — Ah, Annabeth... o seu castigo é não saber como ele tá. Assim que se adaptar aí, conto.

— Você sabe que eu posso simplesmente mandar uma mensagem pra ele pra ter contato, né?

— Claro que sei. Mas vocês conversariam sobre o quê? Coisas básicas. Eu te contaria coisas muito mais interessantes... — Sua voz tem um tom misterioso.

— Ai, Rachel! Deixa disso. Me conta. Eu já me adaptei super, se quer saber.

— E eu sou o Batman. Não vou te contar nadinha. Mas aqui, por que você tá tão insegura aí?

— E quem disse que eu tô?

— Eu te conheço, né, Annie? E foi isso que você deu a entender no início da ligação. Desembucha. É sua mãe?

— Não, minha mãe surpreendentemente me trata bem. Ela me deu um quarto incrível, Rachel... do jeito que eu sempre sonhei. A escola tem clubes e mais clubes, de diversos assuntos diferentes. Mas não me sinto em casa. Meu lar está aí, em São Francisco.

— Annabeth, pelo amor de Deus. Ouça o que eu te digo. Você viveu a sua vida toda aqui, e sei que soube aproveitar muito bem. Quando quiser visitar, obviamente te receberemos de braços abertos. Mas tudo muda. Você finalmente se desprendeu das amarras da mesmice e tentou algo novo. Durante todos esses anos, você nunca fez algo assim e tenho certeza que será muito melhor pra você. Viver novos ares, conhecer gente nova, vê se dá uma chance, Annabeth. Não precisa ter medo.

   Medo. A palavra que eu vinha evitando falar em voz alta desde que pisei aqui. Odeio admitir isso, mas tudo ao meu redor parece me espremer. Essa é a sensação de experimentar algo novo?

— Eu sei, — continua Rachel — que no começo é sufocante. Que você acha que é mais fácil voltar do que passar por isso. Mas você precisa entrar em sintonia com o destino.

— Eu to chocada. De onde você aprendeu isso tudo? — Digo boquiaberta.

— Ah — ela diz envergonhada. — Gosto de estudar peças teatrais Shakespearianas. Mas me diz, eu acertei tudo, não acertei?

— ... Sim. Absolutamente tudo. Sabe, uma pessoa já me disse para me permitir mais. Sinto que todos estão esperando isso de mim, na verdade. Muito obrigada, Rachel, você me ajudou tanto que nem tem noção.

— Pro que quiser, né Annie? Não esqueça. Mas peraí, você tá querendo insinuar algo com "todos estão esperando isso de você"?

— Insinuar o quê, tá maluca? Tenho que ir! O almoço tá pronto! — Desliguei rapidamente, antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa a mais.

                                  .

  O almoço com minha mãe foi tranquilo. Me perguntou quando eu pegaria a matéria perdida de semana passada e eu disse que hoje mesmo, depois de tomar um sorvete com Thalia, minha nova amiga. Ela ficou super feliz com esse detalhe.

  Quando deu 14h em ponto, fui até a praça. Era um local um pouco longe, mas assim que cheguei entendi o porquê de ser admirado. Simples, mas animado. Barraquinhas de comidas e outras coisas variadas e no meio, uma roda de músicos tocando um tipo de pop.

— Gostou daqui? — Thalia me olha ansiosa.

— Amei! Bem diferente do estereótipo de Nova York.

— E é exatamente esse o motivo pelo qual amo esse lugar. Às vezes é bom fugir de todo o alvoroço urbano. Mas obviamente, não nego que os rolês no Central Park são incríveis. Mal posso esperar para te levar lá. Porém, o restaurante do meu pai é bem ali — ela aponta para o outro lado da praça. — Por isso frequento aqui bastante.

  O lugar parece chique em contraste à estética do resto da praça. Na porta, vejo um grupo de adolescentes saindo. Era só o que me faltava, o grupinho de Percy Jackson. "Permita-se, Annabeth" a voz de Hazl ecoou em minha cabeça, e eu odeio procrastinar, mas isso eu deixaria para outro dia. Agarrei o braço de Thalia antes que ela visse o irmão lá no meio e pedi para me mostrar logo onde era a tal sorveteria.

𝐏𝐀𝐑𝐓𝐘 𝐂𝐋𝐔𝐁 - percabeth.Onde histórias criam vida. Descubra agora