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ANNABETH'S POV

Percy Jackson é como um imã, pois por algum motivo, continuo aceitando as oportunidades que tenho de ter a presença dele por perto.

Lá estava eu, comendo peixe frito numa cadeira enferrujada com o filho do arqui-inimigo da minha mãe. O garoto me contou tudo sobre seu encontro com Calipso, e vi que não foi nada fácil fazê-la compreender, como previsto.

Durante o tempo inteiro batemos papo. O contei sobre minha antiga vida perto do meu pai, e ele da vida de passar uma semana na casa de cada responsável. Pelo menos os dois eram presentes.

- Minha mãe zela muito mais por mim do que meu pai. O velho caga pra onde eu vou e com quem eu ando. — Conta Percy. — A não ser que fira seu ego.

- Por exemplo, ele ligaria se soubesse que está andando comigo.

Andar com Percy. Agora vai ser assim? Estranho pensar tal fato.

- Exatamente. - Ele concorda, em um tom triste. - Mas por outro lado, minha mãe te adoraria. Ela é um amor, trata todos os meus amigos como filhos.

- Que fofa. Meu sonho ter uma mãe na qual eu me sinta tão protegida.

O moreno me olha preocupado.

- Ô, Annabeth... Qualquer coisa, pode ter certeza que tia Sally te acolhe de braços abertos.

Ele consegue me tirar uma risada.

- Tia Sally? Sua mãe?

- A própria.

- Obrigada. - Agradeço com um sorriso. - Minha mãe tem sido boa comigo até agora, na verdade. Mas ainda precisa conquistar muito da minha confiança pra compensar todos esses anos ausente da minha vida. 17 é muita coisa.

- Acho válido. Pelo menos ela tá tentando. Deve estar disposta a ser alguém melhor.

Sim, era verdade. Por mais que meu gênio forte e teimoso não se deixe amolecer com as atitudes de minha mãe durante esses dias, preciso admitir que sinto que está realmente arrependida e se esforçando para ser a devida mãe na vida de uma filha.

Enquanto terminávamos de comer, sentindo o vento bater em nossa pele, ouço um clique longe. Olho para o lado e vejo um paparazzi. Droga. Minha mãe não pode ver isso. Mesmo sabendo que era tarde demais, abaixo o boné dos yankees até enterrarem meus olhos cinzentos e mando Percy disfarçar com algo. Ele tira o livro "As vantagens de ser invisível" da minha bolsa e coloca na frente do rosto como se estivesse lendo.

- Por que diabos você trouxe um livro pra praia? - Ele pergunta por trás das páginas.

- Pra tacar de alimento pros pombos, não percebeu?

- Chatinha. O que eu quero dizer é que como alguém lê na praia quando se tem todo esse oceano na sua frente? Não dá vontade de mergulhar nele e explorar cada parte? - Seus olhos verdes brilhavam de empolgação. Essa era realmente sua paixão.

- Ué, eu posso muito bem fazer os dois. A praia é o melhor lugar do mundo pra ler. O barulho das ondas, o vento, a luz do sol. Mergulhar no mar, e logo depois mais profundo ainda nas histórias.

- Uau. Queria sentir isso em relação a livros. Acho que o único que li na vida por conta própria foi o primeiro de Harry Potter.

- Clássico. Não tem como não amar. Mas em relação à leitura em geral, é relativo, mesmo. Cada um tem algo que admire mais. Você, por exemplo, é óbvio que tem o mar como grande amor. Você quer ser biólogo marinho?

- Na verdade, não sei o que quero ser. Por que?

- Nada, pensei por causa daquilo que você falou sobre ter a vontade de explorar cada parte do oceano. Talvez você deva levar essa ideia em consideração.

- Bem pensado.

Espiei debaixo do boné e o paparazzi já tinha sumido, por mais que eu tenha certeza que no dia seguinte a imagem minha e de Percy apareceria por aí. "Filha de Atena Chase curtindo um dia de praia". Mesmo com o risco de aparecerem mais pessoas me reconhendo, desfrutamos do dia normalmente até o pôr do sol. O garoto se ofereceu para me levar em casa, e eu aceitei.

- Mal chegou na cidade e já não pisa em casa, garota? - Minha mãe diz, assim que eu entro na sala de estar.

- Desculpa, mãe. Amanhã prometo que almoço com você.

- Não tem problema, minha filha. Estava brincando. Sei que esse período de início é importante para a sua adaptação. Desde que você passe tempo comigo e não esteja fazendo coisas irresponsáveis, pode sair com seus amigos.

Mal ela sabe da minha última companhia. Me senti culpada.

- Nós nunca passamos tempo juntas, tipo... no lazer. - Faço uma observação, tímida.

- Ah, querida! Temos que fazer isto! O que você acha de jantar fora? Sei que almoçou com Thalia, - novamente sinto o peso da culpa. - mas podemos ir em um lugar mais chique. Que tal?

- Achei uma ideia incrível, mãe. - Respondo, suando frio.

O jantar foi maravilhoso. Contamos muito de nossas vidas durante todos esses anos, e fiquei surpresa inúmeras vezes ao decorrer das histórias que aquela mulher tinha para contar. Estávamos realmente criando um laço. Mas a cada segundo que eu passava ao lado dela me sentia uma traidora. Comecei a cogitar a tirar o cabo da internet da tomada para não correr o risco de ela ver aquelas malditas fotos na praia. Era minha primeira semana na casa da minha mãe e já me meti em mais encrenca do que havia me metido na minha vida inteira. E tudo isso graças ao idiota do Percy Jackson, que impregnou-se não só na minha vida, mas também em minha mente. E não sei se sairá tão cedo.

𝐏𝐀𝐑𝐓𝐘 𝐂𝐋𝐔𝐁 - percabeth.Onde histórias criam vida. Descubra agora