Frieza

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— Seu nome é Cosima, certo? — perguntou com olhar acolhedor.

— Sim. Até onde eu sei — disse de forma sarcástica e o encarei.

— Sente-se, por favor — apontou para a poltrona ao meu lado e então me sentei, desviando do seu olhar para inspecionar o local: Paredes com cores neutras, luzes estrategicamente posicionadas, algumas plantas e muita limpeza. — E então, Cosima. O que te trouxe aqui?

— Ao seu consultório? — o olhei nos olhos e suspirei — Uma carga de frustrações e expectativas. Eu não sei, parecia tudo tão bem e de repente eu volto a me contorcer na cama e chorar enquanto sinto medo do escuro. A e também fui obrigada, já que estou afundada em um quarto de hospital.

 — Me conte detalhadamente quando tudo começou. — disse cruzando as pernas e eu encostei o a cabeça na poltrona. Suspirei e fechei os olhos, estava prestes a contar a minha vida trágica a um desconhecido. Mas resolvi começar pelo final.

— Três dias atrás eu tomei uma decisão. — falei com a voz falha e viajei em pensamentos.

Flashback on

— Não, Delphine — disse firme — Eu não sou um objeto que você vai ficar jogando aos cantos. Eu tenho sentimentos por você sim, mas eu me amo muito para aceitar ser usada e abandonada.

— Não posso aceitar que me expulse assim da sua vida!

Flashback off 

— E o que aconteceu depois da sua decisão? —  perguntou atento as minhas reações.

Flashback on

 — VAI EMBORA, DELPHINE — ouvia Felix gritar mas parecia longe demais. Me afastei deles com as mãos na cabeça, tentando buscar estabilidade já que minha alma parecia estar saindo do corpo.

Sem que eu pudesse controlar, senti minha pulsação disparada. Tentei inspirar e expirar, mas não estava conseguindo, o ar não estava chegando aos meus pulmões, senti meu peito comprimir, passei a mão no meu rosto e percebi que suava frio. Merda, merda, merda, eu não tinha mais domínio do meu corpo, eu estava tendo um ataque de pânico.

— M-me aj... —  pedi me segurando no batente da porta que levava ao quarto —  Delph... 

Tentei tirar o colarinho da blusa de meu pescoço, entretanto não obtive sucesso. Eu precisava respirar, todavia eu não conseguia, o ar simplesmente não vinha. Eu escutava vozes exaltadas, mas eu não conseguia entender o que falavam. Umedeci meus lábios, tentando focalizar em algo, porém a minha visão foi ficando turva, fui perdendo os sentidos, a última coisa que senti foi meu corpo mole indo direto ao chão.

— COSIMA! —  ouvi ainda seu grito desesperado ao fundo e alguém me sentando apoiada em um corpo no chão. 

 Flashback off

 ***

Delphine tragou profundamente seu cigarro. Queria largar o vício, mas diante de tudo que estava acontecendo ao seu redor, nicotina era sua única saída. Sua única válvula de escape, a única coisa que a desligava do mundo por alguns preciosos minutos.

Estava sentada no banco ao lado de fora do hospital, observando o céu negro que pairava diante de si. A noite estava calma, sem nuvens aparentes, sem estrelas e sem lua. Apenas uma imensa escuridão acima de si. Sorriu, imaginando um Deus ali em cima, observando-a.

— Como médica eu não deveria alertá-la de que isso mata — Felix apareceu ao seu lado, tirando o cigarro de seus dedos o jogando no chão. O homem sentou-se na ponta do banco, levantou os pés da mulher e colocou-os sobre seu colo. Tombou a cabeça para trás e suspirou. Havia pego um carinho enorme por Delphine, mesmo com toda situação

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora