Me beije

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Cosima POV

— Você está me chamando para beber, Delphine? — perguntei, a olhando nos olhos de uma maneira curiosa, sentindo meu estômago revirar um pouco em sinal de animação.

— As vezes necessito de álcool para compreender as coisas — a observei passar as mãos pelos cabelos, nervosa. — Tem coisas que sóbria não dá para entender. — me olhou profundamente mas mordeu a língua imediatamente, arrependida de algo.

Começava a questionar minha sanidade quando estava ao lado dela. Mãos suadas e enjoos repentinos deveriam ser coisas de adolescentes despreparados a espera do primeiro beijo. Parecia ter regredido aos treze anos. Me xinguei mentalmente, esperando que ela retirasse o convite, seria melhor assim.

Delphine é comprometida e eu não devo passar por cima da minha moral apenas por uma atração boba. Além de que Marion deve ter os seus motivos para me querer longe dela, motivos que vão além de Paul Dierden ser namorado de Delphine. 

Mas então porque ela me mandou para o banheiro dizendo que Delphine estava ali e pediu para eu parar de flertar com outras garotas? Por qual motivo eu vejo ela nos aproximando mesmo quando lutamos para nos manter afastadas?

Que piada, Cosima. Se ela retirar o convite você vai ficar se xingando por semanas.

— Marion tem uma mesa de sinuca — informo, como se fosse a coisa mais incrível do mundo. — Por que não vamos jogar? — perguntei sorrindo e ela retribuiu. Nesse momento meu corpo me lembrou de como seu sorriso era lindo. — Assim podemos tomar algo e conversar.

— Está bem — aceitou sem desviar seu olhar do meu — Preparada para perder? — sorriu em provocação.

— Eu só jogo para ganhar. Se prepare para perder, Delphine. — dei uma piscadela provocadora.

— Estou disposta a arriscar, Cosima — respondeu minha provocação, arqueando uma sobrancelha — Não acredito que você possa tirar muito de mim. — sorriu e deu as costas, indo em direção da sala de jogos.

A sigo, sentindo seu calor e perfume logo a frente, tirando toda sanidade. Afinal, ela já estava tirando tudo de mim. 

A sala estava quase vazia, tendo apenas alguns casais mais a vontade e a mesa estava livre, era um sinal de boa sorte para nós.

— Te garanto que posso tirar muitas coisas, Srta Niehaus— diz indo até onde os tacos estavam empilhados na parede e pegou dois. 

— Veremos — respondo meio sem folego e limpo a garganta, procurando por um taco com o olhar.

— Procura por isso? — olho para ela, vendo que estendia o outro taco em minha direção. O sorriso de cínica estava presente. — Está muito distraída, Niehaus. — provoca apoiando o queixo na ponta do seu taco.

— Você me desconcentra — peguei o objeto que ela me estendia e um giz, passando na ponta.

O silêncio não era constrangedor. Pelo contrário, ele era calmo e divertido. Sentia Delphine me olhar as vezes, enquanto também passava o giz na ponta do seu taco. Devolvia os olhares sorrindo de canto.

Maldita francesa.

Sorri ao ver ela reprimir o sorriso enquanto arrumava as bolas no centro da mesa, evitando me olhar. 

— Eu tô vendo esse sorriso — me acusou, fazendo uma careta irritada.

— Está vendo coisas demais — me fiz de desentendida e a olhei por cima do ombro.

Ainda de cara feia, Delphine se aproximou o suficiente para me dar uma cotovelada no braço, me fazendo fingir dor antes de rir.

— Vamos fazer o seguinte — quebrou o pequeno silêncio se aproximando novamente — Vamos jogar uma partida de sinuca e se você ganhar vai precisar fazer algo que eu pedir. O mesmo se você ganhar, mas não vai ser o caso — disse com um sorriso desafiador nos lábios, esticando a mão para eu apertar.

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