Me prometa

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Saí do carro e o tranquei, indo correndo em direção do elevador, pois já estava MUITO atrasada para o trabalho. Que ótimo, tenho uma reunião e preciso correr, mas meus saltos não estão ajudando. Bato o pé impaciente enquanto o elevador não chega e aperto os portfólios contra meu peito, conferindo as horas no relógio de pulso mais uma vez. O sinal indica que o elevador chegou, mas ao abrir as portas dou de cara com a pessoa que tentava evitar pensar.

— Pai? — questiono ao ver ele parado me olhando com uma expressão firme  — O que o senhor faz aqui?

— Precisamos ser rápidos, não tenho tempo — apontou para o alto e olhei para lá. 

O tempo estava se fechando parecia que uma tempestade ia chegar em breve 

— Você precisava de mim — disse calmo e o olhei novamente, confusa — Siga o seu destino, minha Cosima. O seu futuro lhe reserva coisas boas, é a hora de usar isso — apontou para minha cabeça — Pois assim você vai confortar esse — finalizou apontando para meu peito.

— Como eu confortaria meu coração estando em um país desconhecido e longe de todos, pai? — pergunto em um tom firme, porém doce — Eu tenho medo.

— Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

— Machado de Assis — completei sorrindo — Mas isso é loucura.

— É preciso loucura para se construir novas histórias — tocou em minha mão a levando ao peito  Não importa o que aconteça você vai encontrar seu destino. Ele está lá, sua felicidade  depende desse ato de loucura — suspirou e me deu um beijo na testa — Preciso ir.

— Por favor, não me deixe. Eu te amo. — sussurrei fraca pelo choro que se iniciou.

— Eu nunca vou te deixar — sorriu e soltou minha mão. 

A estiquei sem saber para onde deveria a guiar, tentava somente o alcançar mesmo que no escuro, mas era inútil.

— Use a coragem que eu te dei. Você é uma Niehaus, precisa seguir o seu destino — a voz do meu pai se afastava e então tudo sumiu como um último suspiro.

— Pai — o chamei mas foi em vão. 

Estava sozinha novamente em uma escuridão sem fim.

Seu corpo tremeu e acordou angustiada. Sentou rapidamente na cama e olhou no relógio, vendo que faltavam alguns minutos para o despertador tocar.

Tinha sido outro pesadelo.

Encarou a janela vendo um pouco de luz entrar e iluminar seu quarto. Seria um dia de sol. Estaria tudo totalmente em silencio se não fosse pelos seus pensamentos que não a deixavam parar. Suspirou pesadamente e levantou, pegando o edredom que caiu no chão durante a noite. Olhou para cama e viu que o lençol estava todo bagunçado, indicando a noite conturbada que teve. Fechou os olhos e balançou a cabeça, na tentativa de afastar os pensamentos.

 Pegou sua toalha e abriu a porta com cuidado para não fazer barulho, seguindo para o banheiro para tomar uma ducha quente e tentar achar significado para aquele sonho. 

Mas foi em vão.

10:49

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