Todo fim é um recomeço

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Fechei a porta atrás de mim ao entrar no apartamento escuro, vendo que a TV estava ligada em algum programa de culinária. Foi inevitável não sorrir ao me aproximar do sofá e ver que era Felix que tinha dormido assistindo e que ainda estava com o cabelo na tigela de pipoca.

—  Típico... — murmurei, pegando o controle para desligar a televisão.

Dei a volta no sofá e tirei o pote de pipoca dele, o cobrindo melhor com o cobertor que tinha sobre seu corpo. O brilho dos postes lá fora que entrava pela porta da varanda permitiam que eu me guiasse pelo apartamento. Vi um buque de girassóis enorme sobre a bancada da cozinha e me aproximei, incrédula com a beleza das flores.

— Deixaram isso pra você. — ouvi a voz sonolenta de Felix se aproximando. Sobressaltei assustada e sorri fraco.

— Quem mandou? — a resposta era óbvia, eu sabia quem era. Mas não acreditava.

— Você sabe melhor que eu — foi até a cozinha e abriu a geladeira, tirando duas cervejas de lá. Peguei o envelope e abri, lendo o que havia escrito nele.

Flores são capazes de mudar a vida das pessoas, e tenho certeza que esses lindos girassóis irão fazê-la feliz, já que ainda não posso fazê-la. Te vejo mais tarde!

Com amor: D.C

—O que está escrito? — se debruçou na bancada me entregando uma das cervejas.

— Vai fingir que já não leu e colocou de novo no envelope — o julguei e Felix revirou os olhos mordendo os lábios em seguida.

— Com amor... — disse e riu de forma debochada voltando para a sala — Sabe o que isso me cheira?

— A manipulação! — falo convicta e jogo o buque no lixo da cozinha, indo para a sala — Delphine não vai me comprar com flores, eu quero atitude e enquanto ela não demonstrar isso, sigo minha vida.

— Vai para a construtora amanhã? — pergunta mudando de assunto.

— Tenho reunião. Dra Cormier me deu atestado para hoje mas preciso dar continuidade aos projetos ou vou atrasar com tudo — suspiro jogando a cabeça para trás — Alison chega amanhã?

— Alison não vem, disse que Siobhan não está se sentindo bem! — sorriu fraco — Delphine vem te ver?

— Só acredito quando ver ela na minha frente — falei me jogando no sofá ao seu lado — Deve estar ocupada com seu namorado modelo com corpo sarado.

— Muito observadora pra quem não gosta de homens — fala em tom debochado e senta de forma reta — Como você está?

— Podemos apenas não falar sobre? — respiro fundo e mudo de canal — O que tia S. tem?

— Parece que teve intoxicação alimentar, está fazendo exames mas Alison achou melhor acompanhar ela.

 — Eu preciso ir para o Canadá, mas não sei quando agora com esse turbilhão de problemas  — massageio as têmporas.  — Não vai sair? — questiono olhando para Felix de forma sugestiva. Ele me encara como quem não tivesse entendido. — Ah qual é, você está em Paris faz uns dias vai me dizer que não encontrou ninguém ainda.

— Pior você que mora aqui e não é capaz de indicar um barzinho legal  — disse em tom de deboche  — Só tem olhos para a doutora que cheira a cigarro e perfume amadeirado  —finge suspiro apaixonado e lhe lanço uma almofada enquanto ele ri.

 — Isso é mentira!  — respondo prontamente

 — Qual parte?  — ri levantando as sobrancelhas.

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora