Liberdade

204 12 21
                                    

Cosima POV

— Eu moro naquela porta ali, meu vizinho é um senhor de idade que tem problemas de audição — informei enquanto caminhava pouco a frente dela — Nesse andar somos só nós dois, o terceiro apartamento está vago.

— Você não se preocupa em fazer barulhos então — disse com voz despreocupada, mas eu corei, tendo a certeza que aquele sorriso cafajeste estava nos seus lábios.

— Chegamos — falei cortando o assunto e destranquei a porta — É pequeno, mas é...

— Aconchegante — completou se demorando na análise de teto ao chão — É lindo.

— Para mim está ótimo — deixei as chaves na mesinha de centro e fui em direção a cozinha — Aceita alguma coisa?

— Não, obrigada — sorriu tirando o casaco — Eu jurava que você era do tipo que amava uma boa modernidade.

— Sou arquiteta, mas meu espírito hippie ainda prevalece — brinco sentando no braço do sofá — Plantas e desorganização fazem parte da minha modernidade.

— Essa é você? — perguntou observando a pequena estante.

— Hippie e desorganizada? — questionei e ela gargalhou.

— Não. Essa aqui — apontou para o porta retrato.

— Sim — me aproximei sorrindo e admirei a foto que ela segurava — No meu aniversário de dois anos.

— Esse é...

— Meu pai — completei antes dela terminar, mas aquilo me doeu — Aqui — peguei outro porta retrato que estava ao lado — Nossa última foto em família juntos.

— Sua mãe era linda — acariciou a foto e me olhou com carinho — Vocês são muito parecidas.

— Não tenho muito a ver com ela — me afastei deixando o copo e água sobre o balcão que divide a cozinha da sala — Minha mãe era forte, determinada e nunca deixou que o medo fosse maior que ela.

— Você cruzou o oceano sozinha apenas com a cara, coragem e uma mala de roupas — se aproximou cautelosa — Isso exige muita força, determinação e coragem. Ela com certeza teria orgulho de você.

— Ela adoraria saber que a filha está totalmente caidinha por uma francesa gata assim. — me aproximei sorrindo — Tirando a parte do comprometida.

— Essa parte realmente não nos interessa nem um pouco — sorriu olhando para minha boca. — É um simples detalhe e... — mordeu o lábio aproximando seu rosto do meu sem tirar os olhos dos meus lábios.

— Seu casaco — estendi com sorriso bobo e me afastei assim que ela pegou  — Acho que não vou mais usá-lo.

—  Dormiu cheirando ele quantas noites? — sorriu o colocando no sofá junto do outro.

— Convencida. — revirei os olhos e ela gargalhou. — Foi apenas um acidente, trocamos e eu não tinha conseguido te devolver ainda.

— Se quiser o seu de volta precisa ir buscar. — se aproximou um pouco abrindo um sorriso encantador. — Não acharia justo ter que te entregar no trabalho.

— Isso é um convite? — questionei cruzando os braços e ela os acariciou.

— Quem sabe... — sorriu de canto passando o dedo nos meus lábios. — Você tem uma margem de opções para interpretar isso.

— Muito sugestivo, posso considerar. — umedeci os lábios. — Se minha agenda não estiver lotada.

— Pense com carinho, essa francesa está sedenta por uma horinha ao seu lado — sorriu e me puxou pela cintura — Eu preciso ir, mas nos vemos amanhã?

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora