Entre quatro paredes

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— Cosima! —  Alison estava bem a sua frente, chamando sua atenção. — Você está bem? Você está pálida!

— Alison? — olhei para Felix em busca de alguma explicação. Eu estava surpresa e feliz, minha prima era adorável.

— Ela chegou hoje de manhã, uma mera consciência com o ocorrido de mais cedo. Não é Ali? — disse dando ênfase e olhou para Alison. Alterei o olhar entre eles, que não quebravam o contato visual.

— Me perdoe Cosima — Alison disse cabisbaixa e sentou na beira da cama, próxima a mim — Fui eu quem dei seu endereço para ela.

— O que? — questionei incrédula — Alison, você não fez isso, fez? — a olhei firme, mas seu silencio já respondia todas as dúvidas. — Você é inacreditável. — suspirei passando a mão pelo cabelo.

— Me perdoe! — Ela sussurrou, desesperada. — Eu passei dos limites, nunca imaginei que aconteceria isso. Emily me procurou, na verdade ela procurou você mas como não estava em casa, me procurou em seguida, eu na inocência contei a ela que você estava em Paris.

— Tudo bem, Ali — acariciei sua mão — Agora já foi, não tem como voltar atrás. 

DELPHINE POV

O relógio marcava sete horas da noite. O turno da noite estava começando. Os atendentes de plantão começavam as suas rondas para saber como seus pacientes mais recentes estavam lidando com o pós-operatório. Outros entravam dentro dos quartos dando boas notícias, e os liberando para irem para suas casas. Alguns outros saíam das salas de cirurgia jogando suas máscaras longe, irritados. Talvez não tiveram sorte no procedimento.

— Olha se não é a nossa cirurgiã geral e chefe, Dra. Cormier — ouvi uma voz conhecida, assim que parei no balcão principal do hospital.

Olhei para o lado e ri, quando vi o homem mais provocador e ambicioso, Dr. Leekie, psiquiatra do hospital, lendo alguns prontuários.

— Boa noite para você também, Dr. Aldous — assinei um prontuário e devolvi à enfermeira, me aproximando dele. 

— Preparada? — questionou com sorriso maldoso.

— Pra quê? — o olhei sem entender — Por acaso hoje é algum dia especial e eu não sei?

—Sabe, ler os e-mails informativos que eu envio semanalmente pelo mailing do hospital, não iria te matar.

— Vão todos direto para a lixeira — confessei e ri ao ver ele rolar os olhos — É o aniversário da Susan? — perguntei em tom de deboche — Meu Deus, é o seu aniversário e eu não te comprei nem um cartão.

— Seu senso de humor me diverte — diz enquanto caminhávamos em direção ao elevador — Hoje chegam os novos membros da nossa equipe de emergência. 

— Certo — olhei para ele então pareceu que meu cérebro deu um estalo. — Eu já estava informada sobre, Dr. Leekie!

— Os malucos que se ferraram na guerra e agora querem voltar à vida normal! — diz com desdém e paro por um instante, o olhando com desprezo. 

— Às vezes eu me pergunto como foi que te contrataram, meu pai realmente tinha muito bom coração!

— Nós fizemos residência juntos, querida. Seu pai e eu erámos amigos — lembrou — A diferença é que você nasceu em berço de ouro, seu papai indicou você como sucessora para o cargo dele — chegamos ao elevador, e Leekie apertou o botão e cruzou os braços, virando para mim — De qualquer forma, acho que eu não conseguiria mesmo. Daniel Cormier sempre teve seus queridinhos, e esse hospital parece depósito de médicos de combate. Esses sequelados acham que podem trabalhar normalmente.

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora