Traição

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— Paul, qual a possibilidade disso dar certo? — questionava andando de um lado para o outro dentro do consultório — Você sabe que minha mãe vai sacar na hora, nós não temos conexão, não conseguimos ficar um perto do outro sem trocar farpas! Não estamos vivendo um filme, as coisas estão cada vez piores.

— Del, são apenas 5 semanas! — insistia em sua ideia maluca — Olha o que aconteceu com Alison, você e eu sabemos muito bem que era para ter sido Cosima! Sua mãe não mede esforços para conseguir aquilo que quer. 

— Me resta saber quem foi o mandante — suspiro e sento em minha cadeira, encarando o homem que um dia amei — Você sabe de algo?

Paul encostou seu corpo na cadeira e pigarreou. Ele sabia, e não sabia disfarçar. 

— Bom, sobre o suposto acidente com Alison não sei de nada, mas podemos cogitar dois nomes: Ferdinand e Marie.

— O que não me surpreende, afinal sabemos que ambos tem interesses distintos mas objetivos em comum. — suspirei fundo — 1 mês, Paul! Nada mais que isso.

— É para o seu bem e o bem de Cosima! — afirmou abrindo um sorriso fraco. — Mas tem um detalhe, Cosima não pode saber disso. Se quer manter ela a salvo, ela vai ter que acreditar no nosso teatro.

...

Três dias sem Cosima, poucas mensagens trocadas e um turbilhão de pensamentos. Não tinha notícias dela, nem pelas redes sociais já que ela havia sumido das mesmas também. Eu já não ligava mais, não adiantava, ela não me atendia.

Eu girava o registro lentamente, tentando encontrar a posição exata que me traria água quente. Com o corpo nu, apenas coberta com uma toalha branca, sentia cada pelo de meu corpo arrepiado naquela noite fria.

Desviei a atenção do chuveiro ao ouvir passos e virei, me deparando com Paul, usando uma toalha na cintura e com uma expressão confusa. Coçou a cabeça e baixou o olhar, e eu precisei me segurar para não gargalhar.

— Me desculpe. — Gaguejou constrangido. — O chuveiro do outro quarto não esquenta tanto quanto esse, então eu... — Justificou, querendo sumir dali.

— Não se preocupe — ri do constrangimento dele e voltei a atenção ao chuveiro. — Realmente o sistema dos banheiros precisam ser revisados.

— Posso ver amanhã se quiser — Ele ainda estava visivelmente desconcertado.

Continuava parado no mesmo local, me observando ainda tentando regular a temperatura. Quando finalmente consegui, o local logo foi preenchido pelo vapor.

— Então... eu volto mais tarde.

— Vai ter que se acostumar com isso, já que decidimos dar continuidade a essa ideia maluca. — desfiz o coque que prendia meus cabelos. — Me ver nua é parte do trabalho. — larguei a toalha em um gancho e entrei debaixo da ducha, ciente que ele me seguia com o olhar.

Ele encarou o chão ao se dar conta que me encarava descaradamente.

— Você nunca conseguiu disfarçar — Lancei um sorriso para o homem, que ainda não havia se movido. —  Acho melhor você esperar lá fora.  — antes mesmo que seus pés acompanhassem as intenções de sua mente, eu o impedi, vendo ele recuar e sair do banheiro, fechando a porta.

...

— Não a nada aqui que você já não tenha visto. — disse numa falsa displicência e naturalidade assim que cheguei no quarto e vi Paul sentado na cama. Me virei deixando a toalha cair e fazer um círculo nos meus pés.

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora