Out Of Line

Sra Dierden

— Cosima... — a voz de Delphine me atingiu. Me virei e dei vários passos em direção a rua, mas quando estava quase no carro, virei de volta na expectativa de ver Delphine, mas ela já não estava mais ali. Meus olhos se encheram de lágrimas novamente, porém tratei de engoli-las. Eu precisava sair dali. Entrei no carro de Marion, havia emprestado para ir fazer a surpresa para Delphine, mas quem teve a surpresa foi eu.

Deitei a cabeça no encosto do carro e peguei o celular para enviar uma mensagem para Felix, mas nesse momento alguém bateu no vidro ao meu lado, me fazendo levar um leve susto.

 Abaixei o vidro e vi que era Delphine ali, ela deu um sorrisinho debochado por ter me assustado, e a minha vontade era lhe dar um soco. Como conseguia ser tão cínica!

Ela deu a volta no carro e entrou ao lado do passageiro, assim que bateu a porta eu me virei pra ela e ela me puxou pela nuca me beijando com vontade, mas a afastei empurrando seu corpo para longe de mim.

— É sério, Delphine? — perguntei decepcionada e soltei um riso debochado — Eu sou tão estúpida.

— Não é o que você está pensando — disse firme buscando por sua mão, mas puxei rapidamente. — Você não entende.

— A eu realmente estou pensando em muitas coisas e não entendo nenhuma. — disse firme — Aliás, entendo uma sim. A que você está me usando.

— NÃO — falou alto me assustando — Por favor, vamos conversar lá dentro?

— Por quê? Não quer ser vista com sua amante dentro de um carro? — questiono apertando as mãos no volante — Está cada vez mais difícil para mim te entender, Delphine! 

— Eu preciso me explicar e entender o que significou esse sumiço, e dentro do carro no meio da rua não é o melhor lugar — diz e a encaro incrédula — Eu sei que esteve em Toronto com sua tia, mas você sumiu Cosima!

— Eu estava ocupada — digo. Ela não precisava saber de fato tudo que aconteceu durante essa viagem ao Canadá.

— Você sumiu por três dias e não deu notícia, sabe o quanto eu fiquei preocupada? — diz com a voz embargada. — Eu te liguei mais de 30 vezes, e você ignorou todas as chamadas.

— Percebi bem a preocupação ali na garagem — solto um riso debochado regado de raiva e frustração.

— Aquilo foi...

— Só me diga que vocês não fizeram nada.— a encaro com súplica.

— Cosima, por favor...

— Vocês fizeram né. — afirmo entendendo as entrelinhas de sua resposta não dada.

— Nós não transamos, se é o que quer saber! Apenas um beijo — diz e sinto meu peito aliviar por um instante — A cena que você viu ali, ele chegou se jogando, eu estava com raiva de você e me deixei levar. Dei abertura!

— É claro, eu. — soltei um riso nasal — Agora não entendo o que ele estava fazendo com você, na sua casa a essa hora! De onde estavam vindo? São tantas questões que eu não consigo entender!

— Muitas coisas aconteceram desde sua ida para o Canadá! — respira fundo e encosta a cabeça no banco — Podemos conversar lá dentro? — questiona mas não a respondo, apenas ignoro sua pergunta. — Se te deixa mais tranquila, eu odiei o beijo.