07:49 da manhã
— Esse celular tocou umas dez vezes durante a noite — reclamo abotoando minha camisa. Delphine procura pelo aparelho e franze o cenho, desligando e colocando sobre o criado mudo. — Quem é?
— Não sei — diz e vai até seu closet. — Hoje tenho reunião às 10:30, então vou mais tarde para o hospital.
— Não tem problema eu chamo um carro.— sento na cama calçando o sapato.
— Negativo, vou te levar.— voltou ao quarto com uma muda de roupa — Tomamos um café e te deixo na construtora.
Sabe quando tudo parece estar dando certo demais, tranquilo demais e a vida vai caminhando sem nenhum imprevisto qualquer, apenas calma e suavemente? Pois é, esses tipos de momentos devem ser apreciados pois logo em seguida vinha uma sequência de eventos das quais você não estava nenhum pouco preparada.
Para minha surpresa a cafeteria tinha um clima agradável e incomum, nada comparado as outras cafeterias que Marion me levava. Assim que nos sentamos, comecei a perceber a movimentação do local.
— Bom dia, desejam fazer o pedido agora? — perguntou a atendente, tinha uma voz fina e um pouco aguda, aquilo machucava um pouco meus ouvidos.
— Claro. — Delphine respondeu mais que depressa e pegou os cardápios, entregando um para mim.
Meu celular começou a vibrar em cima da mesa, mostrando a foto de Felix brilhando na minha tela. Ignorei e bloqueei a tela, voltando olhar o cardápio.
— Um café puro... — Delphine pediu e continuou avaliando o cardápio com calma — croissant de queijo e... um pão de queijo — Finalizou, fechando o cardápio e sorrindo educadamente para a jovem que estava em pé ao seu lado anotando tudo com rapidez.
— Vou querer o mesmo, mas meu croissant de chocolate — respondo e ela anota, saindo em seguida.
Meu celular vibrou novamente em cima da mesa e meus olhos correram até ele. Felix. Atendi já imaginando qual seria o drama gay romântico da vez.
— Cosima, eu preciso de você aqui. — ele disse logo depois que eu atendi.
— Nenhum "Alô, Cos, como você está, querida"?—soltei um riso vendo Delphine sorrir enquanto olhava seu próprio celular — Espero que seja sério para estar me incomodando a essa hora.
— Cos, é sobre a Sra. S — diz em tom cuidadoso. — Ela foi internada hoje de madrugada.
— O que houve? — pergunto sentindo um gelo percorrer por todo meu corpo. Acompanho a atendente que entregava nosso café e espero uma resposta que demora vir — Ela está bem?
— Calma, Cos! Ela acabou passando mal e Sarah levou ao hospital. Após exames constataram que ela está com algo nas artérias coronárias, basicamente vai precisar passar por uma cirurgia cardíaca.
— Compre as passagens. Vamos para Toronto! — digo firme e após Felix concordar, me despeço e desligo o telefone, o colocando sobre a mesa.
— O que houve, Cos? — Delphine perguntou preocupada acariciando minha mão.
— Minha tia — digo bebericando o café, me perdendo em pensamentos — Foi internada e vai precisar fazer uma cirurgia no coração.
— Você vai para Toronto? — pergunta apreensiva.
— Não se preocupe, vou voltar logo — dou um sorriso sincero. — Vou amanhã pela manhã. Bom, isso se meu chefe liberar.
— Vou dormir na sua casa hoje então — sorriu voltando a bebericar seu café.
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Out Of Line
Fanfiction- O que você viu nela? - A parte que faltava em mim... Querer controlar o futuro é ter a certeza de se frustrar, porque as coisas nunca acontecem exatamente como imaginamos. Acreditar em destino é depositar todas as expectativas em algo incerto. Seg...