Dulce
Hoje o dia estava lindo, eram oito horas da manhã, e da sacada do hotel eu visualizava as pessoas lá embaixo seguindo suas rotinas, umas indo trabalhar, outras em suas caminhadas.
Mas eu não conseguia pensar em nada, além do que aconteceu com Ana Brenda, eu não cheguei a fazer ultrassom, saber idade gestacional ou até mesmo ouvir os batimentos do meu bebê, e perde-lo ainda dói, imaginar que se ele estivesse aqui, minha barriga já estaria aparecendo. Apesar de não ter mais nenhum vínculo, nenhuma amizade entre nós, não consigo imaginar o quão difícil deve estar sendo receber as noticias, que Ana está recebendo.Recebi ligação da minha mãe, sogra e de Anahí, elas entenderam meus motivos de querer conversar com Ana Brenda, eu precisava encerrar esse capítulo, meu futuro com Christopher precisava desse ponto final.
Demorou alguns dias até Ana aceitar falar comigo. Eu e Christopher ficamos no hotel e tivemos que comprar algumas roupas já que viemos apenas com a roupa do corpo e apesar de deixar uma troca no carro, era social, para um caso de uma reunião inesperada ou então alguma emergência.
Nesse momento estava eu, estalando os dedos um tanto nervosa, na recepção do hospital, eram duas horas da tarde. Fiz o cadastro e estava esperando a mãe da Ana sair para eu poder entrar.
— Amor, você está me deixando nervoso. — Christopher falou, segurando meu braço, em uma forma de me acalmar.
— Desculpe amor, só estou... Ansiosa? — Fiz careta, não era essa a palavra que me descrevia.
Christopher riu e me abraçou de lado.
— Saindo daqui vamos direto pra casa né?
— Vamos, quero minha casa, meu chuveiro e minha cachorra. — Fiz bico.
— E ficar agarradinha com o futuro marido nada? — Fingi pensar. — Boba.
A mãe de Ana Brenda finalmente surgiu no corredor, passou por mim sem nem mesmo olhar na minha cara. Sei que não sou nenhum pouco santa, mas não fiz nada, nunca desejei que algo assim acontecesse com ninguém.
Ela simplesmente entregou a pulseira de visitante a recepcionista e saiu.Olhei para o Christopher, lhe dei um beijo e disse que não demoraria, então segui para dentro do hospital.
A porta do quarto estava aberta, pude ver Ana, ela olhava para direção da janela.
" Ok, vamos lá Dulce, você repassou tudo o que precisa falar, umas cinco vezes na cabeça ".Entrei e dei umas batidinhas na porta, então ela se virou para mim. Estava pálida, com faixa em um dos pulsos, e um curativo no supercílio. Na sua face um semblante triste de derrota.
— Pode entrar Dulce.
Caminhei até estar próxima da sua cama.
— Precisei de um tempo até assimilar tudo. — Começou e decidi apenas escutar. — Sabe, não vim visitar os meus pais, a verdade é que não sabia o que fazer. — Soltou uma risada fraca. — Eu sabia que não tinha engravidado no ciclo correto e logo você e Christopher descobririam. Até dez dias atrás eu não tinha consciência que realmente tinha um bebê na minha barriga, eu não queria ficar com Christopher, só não queria vocês juntos. Inventei uma história para meu pais, e minha mãe me levou para fazer um exame de imagem. — Seus olhos ficaram vermelhos e se encheram de lágrimas. — Foi ali que minha ficha caiu, na minha loucura não parei pra pensar que eu realmente seria mãe, foi ali vendo um borrão e ouvindo um coraçãozinho forte. — Desviou o olhar, e eu já estava a ponto de me desmanchar em lágrimas também.
— Porque tudo isso Ana? Sei que não fui, não sou e nem chego perto de ser uma santa, mas precisava de tudo isso?
— Fiquei cega de ódio. O mais ridículo é que não posso fazer aquela pergunta clichê; "o que eu fiz para merecer isso?" — Soluçou. — Fui má, quase envenenei sua cadela. — Fiquei espantada com sua confissão.
— Não sei o que falar, teria coragem de fazer mal a um ser inocente?
— Ela está viva, não está?!
Ana virou para olhar pra mim novamente.
— Não iria me importar de não andar mais, se meu bebê tivesse sobrevivido. — Lágrimas escorriam pelo seu rosto.
Era uma situação difícil, ali estava a vilã e também a vítima. Só conseguia enxergar uma mulher perdida.
— Minha mãe acha que estou mentindo, que fui ameaçada pelo Christopher.
— Sabe que ele jamais faria isso. — Christopher era o homem mais justo depois do meu pai, que eu conhecia.
— Sei sim, ela só está preocupada. O meu tratamento não vai sair barato, e no momento estou sem emprego.
— Precisa de ajud...
— Não. — Respondeu me cortando.
— Vamos lá Breco. — Fez careta pelo apelido brega que dei. — Aceite minha ajuda, ninguém precisa ficar sabendo e não precisamos ter mais contato.
Ela ficou em silêncio por um tempo.
— Tudo bem, pode falar com meu médico. Eu sinceramente não sei o que será feito. — Sorri.
— Ótimo, você vai melhorar, vai formar uma família e será feliz. — Ela me deu um sorriso triste. — Eu sinto muito pelo que passou e por sua perda.
— Obrigada Dul, e... Me perdoe. Estou muito arrependida. — Cheguei mais perto e segurei sua mão. — Você também será muito feliz.
— Não preciso te perdoar, estamos resolvidas. Não sei se Christopher vai entrar. — Na verdade, esqueci de perguntar.
— Tudo bem. — Apertou minha mão. — Até algum dia Dulce.
— Até algum dia Ana.
Soltei sua mão e sai a procura do médico que está cuidando do seu caso. Minha intensão era outra quando decidi que deveria conversar com ela, mas o rumo mudou completamente depois dessa conversa. Vou esquecer tudo, é o melhor a se fazer.
Estou saindo com um peso a menos nas costas, sinto que finalmente o ponto final foi dado.
Resolvi tudo com o Dr. Marcelo Rodriguez, ele vai ser a ponte e tratar os custos em meu nome.
Christopher me aguardava com cara de tédio, o que me fez rir. Falamos pouco e ele decidiu que também entraria, apenas para desejar melhoras. E realmente deve ter feito isso, pois não levou nem dez minutos para retornar, então pegamos estrada para nossa casa.
Chegou ao fim de Ana Brenda na história.
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' MEU DESTINO É VOCÊ ' [Revisão]
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] 18+|Dulce Maria e Christopher Uckermann se conheceram no ensino médio. Eram amigos "íntimos" um conhecia perfeitamente o outro. Com o fim do colégio cada um seguiu seu rumo e concluíram suas tão sonhadas faculdades. Após quase 7 anos se...