capítulo doze: fofa

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ᴅɪᴀs ᴅᴇᴘᴏɪs

d͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞g͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞

— Eu tinha um ex que chamou aqueles carros de declarações pra porta da minha casa.

— Bonitinho, cara!

  Gargalhei mentindo. Na real era a pior vergonha que eu nunca passei e não quero passar.

— Bonitinho? Diogo? — Ela me olhou com indignação. — Por isso eu odeio surpresas.

— Por que é traumatizada com carros de declaração?

— Não. É que eu odeio tudo, então é difícil me dar ou fazer alguma coisa que eu goste de verdade.

  Ela tinha acabado de sair da escola e veio pra ca como sempre. Puxou assunto comigo e estávamos conversando sobre coisas aleatórias, como fazemos todos os dias.

— Você pelo o menos disfarça que gostou? — Olhei ela por alguns segundos e desviei voltando lavar a louça.

— Pra quem não me conhece sim. Mas quem me conhece é difícil deles não saberem se eu gostei ou não. E olha que eu me esforço pra não ser ingrata.

— Eu gosto de surpresas. Mostra que as pessoas tiraram um tempo pra me surpreender. — Fui sincero. Na minha cabeça era importante receber esse tipo ação. As vezes nem é pelo presente.

— Claro que você gosta. Com esse ascendente em câncer te dominando. Todo romanticozinho.

  Soltei uma risada nasal pela forma arrogante que já era algo normal pra mim nela.

— Desculpa se eu sou um Cirilo emocionado. — Brinquei.

— Eu acho bonitinho isso em você.

  Ergui meu olhar pro dela de novo estranhando ter escutado aquilo. Cadê a provocação?

— Ah acha é?

— Acho. Eu nunca tinha visto assim tão de perto, um homem romântico.

  Mais uma vez ela me fez rir.

— É sério. Vocês estão em extinção! — Ela se debruçou no balcão pra ver o que eu estava fazendo. — E isso me deixa intrigada sobre você, Diogo.

— Sobre mim? — Ri.

— Sim. Você é romântico e bonito, o que tá fazendo solteiro?

  Olhei pra ela, agora com mais atenção.

— Primeiro, obrigado pelo elogio, você é bonita também. E segundo, como você, eu também não tô procurando ninguém. E mesmo se eu estivesse, as pessoas preferem os vilões.

  Era uma provocação pra ela, não pude deixar essa passar.

— Ah, tá de indiretinha agora? — Ela levantou a sobrancelha.

  Dei risada indo pegar o pano de prato pra secar a minha mão.

— Se a carapuça serviu...

  Yasmin riu voltando a sentar no banco.

— Você não merece pessoas como a gente que prefere os vilões. — Voltei minha atenção pra ela. — Normalmente a gente é meio problemático. — Ela
fez uma careta. — Já ouviu dizer que: pessoas confusas machucam pessoas incríveis? — Assenti. — Então!?

— Melancolia essas horas, Yasmin? — Perguntei arrancando um sorriso da cara fechada que se formou em poucos segundos. — Machucou algum romântico ontem?

— Parei. Mas você sabe que eu tenho razão, né?

  Torci o rosto.

— Sendo sincero? — Ela assentiu. — Depende! Não é cem por cento verdade. São casos e casos.

— Claro que é. Oh, vou me abrir desnecessariamente pra te explicar. — Ela me fez prestar triplamente mais atenção. — Eu fui alguém totalmente inconstante e confusa nos meus relacionamentos passados.

— Isso é coisa de gente que não tá na mesma ideia. Agora quando você pega alguém que tipo quer o mesmo... Não vejo motivos pra confusão.

— Mas aí que tá. Minha inconstância me faz mudar toda hora o que eu quero. — Ela riu.

— Me desculpa, mas pra mim isso não me parece uma pessoa que queira realmente estar com a outra.

  Ela abaixou o olhar por alguns instantes.

— É, talvez. Mas mudando um pouco de assunto. — Ela passou a língua na boca umidificando. — Quer vir comigo num lugar sexta?

  Semicerrei os olhos desconfiado.

— Oh Yasmin, cê que me pegar você fala logo!

  Ela riu.

— A lá. Uma mulher não pode mais chamar um homem pra sair que já acha que eu to dando ideia? — Ela negou com a cabeça. — Lamentável.

— Não que eu vá, mas pra onde?

— Rodízio de pizza.

— E quem mais vai?

— Só eu e você. — Ela falou simples.

— E tem certeza que não quer ficar comigo? — Perguntei ainda provocando ela, só que com fundo de verdade.

— Cara, não me obriga dizer que eu gosto da sua companhia. Porque eu não vou dizer!

  Dei risada gostando de ouvir isso. Ela gostar da minha companhia é mais relevante do que se ela falasse que tá afim de ficar comigo.

— Olha só, ser fofa dói?

— Sim, dói. Mas que bom que você achou fofo e não carente. — Ela fez jóia com os polegares.

  Dei risada. Olhando por esse lado podia ser um pouco de carência também, mas eu não ligo muito. Gosto da companhia dela também.

— Pode deixar, não digo que achei carente demais se você não me forçar dizer que eu gosto de estar com você também. — Devolvi.

  Ela sorriu com ironia pra disfarçar que tinha ficado um pouco sem jeito.

— Só não vai se apaixonar. — Ela fez carinha de nojo.

  Eu nunca tive uma amizade assim como a gente tem, mas eu tava curtindo bastante.

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eu me tornei melhor amiga do meu melhor amigo chamando ele pra sair (romantizem chamar um homem/mulher pra sair sem intenções)

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