capítulo quinze: poderiamos ser

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y͟͟͟͞͞͞a͟͟͟͞͞͞s͟͟͟͞͞͞m͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞n͟͟͟͞͞͞

Diogo estacionou o carro na calçada contrária da praça que tava tendo a batalha. E ao invés de sairmos, ficamos sentados ali no silêncio.

Eu me sentia pesada depois de tanta pizza. Mas eu juro que eu ainda aguento mais um pedaço de boa.

— To sem coragem nenhuma pra sair. — Falei quebrando o silêncio.

  Virei meu rosto pra encarar o Diogo e ele estava com o olhar perdido no pára-brisa.

— Eu tô até triste de tanto que eu comi.

  Ele me olhou também.

— Você nem comeu muito. Fraquinho! — Falei baixinho.

— Você que queria falir a pizzaria, não eu. — Ele devolveu no mesmo tom que eu.

  Dei uma risada fraca.

— Era pra eles aprenderem a não colocar o valor do rodízio tão caro.

  Ainda tava inconformada que era cinquenta reais pra cada um. O diogo achou que eu não tinha dinheiro quando me recusei pagar aquilo, por isso se ofereceu pra pagar de nós dois. Obviamente eu neguei e fui obrigada a dar os cinquenta reais, se não ele pagava.

— Nem fez diferença pra você.

  Ele pegou uma das minha tranças e ficou mexendo no trançado por zero motivos.

— Cinquenta reais é dinheiro. E dinheiro sempre faz diferença.

— Econômica? — Ele voltou me olhar.

— Sim. Tô tentando me livrar do meu pai, e pra me livrar completamente eu preciso aprender a ser econômica pra não depender do dinheiro dele.

  Diogo assentiu colocando minha trança pra trás das costas. E eu pensei que ele voltaria pra onde estava. Mas pra minha surpresa passou a ponta dos dedos pela lateral do meu rosto até o queixo, onde ele deixou um carinho antes de voltar pro banco.

  Foi estranho, e de uma forma estranha eu gostei muito. A gente nunca tinha tido mais contato que um abraço.

— Você vai ver que a melhor coisa na vida é ser financeiramente independente. Vai se sentir mais livre.

  Ele sorriu de canto.

  E eu ainda nem sei porque a gente ainda tava falando quase que sussurrando.

— Só falta eu conseguir o básico. Que é um emprego.

  Comecei contornar com a ponta das unhas a tatuagem no braço dele que, estava no apoio. Era a figura de um animal estranho. Ele arrepiou e eu não pude evitar soltar um riso fraco.

— O básico é o mais difícil. Mas pra você vai ser fácil.

  Olhei pra ele um pouco curiosa.

— Ué? Por ser patricinha?

— Também. E olha, pode ser machista e estúpido o que eu vou dizer, mas no mercado de trabalho é sempre priorizado um rostinho bonito. Nem importa se você terminou o ensino fundamental, o importante é estar dentro dos padrões estéticos deles.

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