capítulo oito: dez segundos

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d͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞g͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞

   E ela estava lá. Por mais inacreditável que fosse.

— Eu devia acreditar na sua justificativa?

Yasmin escondeu o rosto nas mãos.

— Puta merda. Cê tem que acreditar. — Ela riu. — Se eu viesse aqui por você eu diria. Sou cara de pau e você sabe!

Verdade. Ela não tinha cara de que mentiria e também não tinha motivo de vir aqui só pra me ver.

— Tudo bem. Acredito em você! Mas quase que a gente não se vê, eu já tava indo embora.

Yasmin bebeu um pouco do copo dela e me olhou de uma forma provocativa.

— Todo corretinho.

— Vai dar quatro horas. Não é pra tanto.

Yasmin negou com um mínimo riso no canto da boca.

— Acho que foi eu quem chegou tarde demais. — Ela bebericou mais uma vez a bebida do seu copo.

— Que horas você chegou? — Perguntei colocando meu copo em cima da bancada também.

— Olha só. Bebida sem álcool? — Ela apontou pro meu copo, não me respondendo.

— Bebe e me fala!? — Estiquei o copo pra ela.

  Yasmin olhou meio receosa, mas pegou o copo e deu um gole pequeno. Vi querer crescer uma careta no rosto dela.

— Que isso, você consegue tomar whisky puro? — Ela devolveu meu copo e deu outros belos goles na sua bebida, provavelmente pra tirar o gosto forte do Blue Label.

— Fraquinha você hein!? — Devolvi a provocação.

  Yasmin revirou os olhos voltando se escorar na pedra do balcão.

— Seu rabo. Mas respondendo sua pergunta... — Ela engoliu o riso. — Era pra eu chegar aqui meia noite. Acabou que um dos meus amigos fez bobeira e a gente se atrasou. Então eu cheguei aqui uma e meia.

— Perdeu o melhor. O Piatto abre às sete da noite, e os shows ao vivo são; das oito e meia até umas meia noite.

  Hoje não foi um dos melhores ao vivos, mas deu pra curtir.

— E por que tem gente cantando ainda? — Ela apontou pro palco.

— São os pagodeiros que tão querendo começar. Aqui eles dão essa oportunidade. — Expliquei.

  Yasmin concordou com a cabeça parecendo entender.

— Acho legal a iniciativa!

— Também acho. Meu avô cantava aqui. — Peguei meu copo pra beber mais um pouco.

— Seu avô é cantor?

  Neguei.

— Era. Mas dizem que o melhor. — Deixei um sorriso pequeno aparecer por lembrar das histórias das minha avó.

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