capítulo trinta e três: asma

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y͟͟͟͞͞͞a͟͟͟͞͞͞s͟͟͟͞͞͞m͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞n͟͟͟͞͞͞


— Não quero mais jogar com você. — Diogo colocou as cartas de lado e cruzou os braços emburrado.

  Era a quarta vez que eu ganhava dele no uno. E que culpa eu tenho de ser a melhor nisso?

— Para de chorar, Diogo! Perde de cabeça erguida. — Levantei o queixo dele.

— Você tá roubando Yasmin. Onde já se viu usar cor, sequência, números iguais e trocar de mão? É pra revezar os métodos. — Ele ainda tava indignado com isso.

  Eu pelo o menos joguei sempre assim, valendo tudo.

— Onde você aprendeu isso? Meu Deus, deixa de ser burro, cara.

— Para você de roubar. — Ele tava realmente ficando irritado.

— Beleza, vamos fazer o seguinte. Vamos embaralhar e jogar do seu jeito. — Peguei todas as cartas pelo sofá.

— Por favor!

  Comecei embaralhar tudo de novo. Ganhar essa rodada seria questão de honra pra mim!

— O que é isso que vocês tão fazendo? — Larissa se aproximou vendo a gente de cara fechada.

— Essa garota tá me roubando na maior cara dura. — Diogo continuou.

  Coloquei o bolinho de carta na lateral do sofá e já separei minhas sete. Diogo fez o mesmo desconfiado.

— Que os jogos comecem! — Joguei minha carta verde em cima da inicial também verde. Agora seria por cor, segundo a lei dele.

[...]

— Chupa, caralho!

  Pulei em cima dele. Eu tinha ganhado em todos os métodos mostrando quem era a dona dessa porra desse jogo.

— Você quem embaralha a carta. Claro que ganhou. — Ele implicou só que dessa vez era brincadeira.

— Seu cu, Diogo. Seu cu! Se eu ganhei foi porque eu mereci! — Apontei o dedo pra ele.

— Porque roubou! — Ele insistiu.

— Aceita. Ganhei no meu método e ganhei no seu. Você é péssimo! — Continuei zoar.

— Um dia eu me vingo.

— Tenta a sorte, bebê. — Pisquei.

  Comecei juntar as cartas pra poder ter o espaço do sofá de volta. Coloquei de volta na caixinha e deixei em cima da mesinha de centro.

  Quando eu voltei a sentar no sofá ele foi rápido deitar no meu colo.

— Era pra eu ser mimada, não você! — Provoquei por mais que estava gostando.

— Te trouxe méqui, ingrata!

— E não precisava, né!? Fica gastando comigo.

— Gasto mesmo.

  Peguei o controle pra mudar o canal e tive s sorte de colocar em um filme do começo. Era de ação e o protagonista era o Owen Wilson. Esse cara tem meu coração desde de Marley e Eu.

  Comecei prestar atenção do filme e por espontaneidade comecei a fazer um carinho da cabeça até o começo das costas do Diogo. Preferimos ficar quietinhos e assistindo o filme.

[...]

— Diogo? — Chamei baixinho.

  Ele nem se mexeu.

— Diogo? — Dei um beijo na bochecha dele e finalmente se mexeu despertando.

— Desculpa, eu dormi sem querer. Que horas são?

  Peguei meu celular que tava próximo vendo o horário.

— Meia noite e quarenta. Vamo pro quarto?

  Eu acho que o Diogo tava com tanto sono e tão cansado que nem tentou relutar. Só levantou do meu colo e me estendeu a mão pra que eu fosse junto.

  Desliguei a televisão e peguei meu celular seguindo ele, mesmo que a dona da casa fosse eu.

  Ele abriu a porta do meu quarto e com a maior facilidade do mundo tirou o tênis e também a camiseta. Encostei na porta só olhando o que ele tava fazendo. E vou precisar admitir que o Diogo com sono fica triplamente mais fofo. Ele se jogou na cama de bruços me dando uma visão da suas costas largas. E só de ver deu vontade de arranhar.

Peguei o edredom nos pés da cama e cobri o grandalhão que parecia estar no décimo sono. E por maior que fosse a minha tentativa de deixar ele dormir quietinho, minha vontade de dar um cheirinho foi mais forte.

Suspirei o perfume forte dele. Diogo riu fraco me mostrando que tava acordado.

— Tá acordado então!? — Falei baixinho.

— To quase dormindo. — Ele continuou com os olhos fechados.

— Vou escovar o dente e trocar a roupa. Já volto! — Avisei já indo pro meu banheiro.

Eu não conseguia dormir com outra coisa a não ser pijama ou pelada e apesar de ter intimidade com ele, não acho tão legal ir lá dormir peladona do lado dele. E do jeito que o Diogo é paranoico vai achar que eu tô querendo e dando indireta pra ele.

E pra deixar claro. Eu quero muito. Mas se for algo natural tenho certeza que vai ser bem melhor do que se eu planejar.

[...]

Cuspi a pasta na pia e fiz um bochecho com água sem muita pressa. Me encarei no espelho contente com o que eu tava vendo. Era inacreditável como eu conseguia ficar gostosa dentro de um conjuntinho do Scooby-Doo velho.

Apaguei a luz do banheiro e voltei pro quarto vendo o Diogo na mesma posição. Parecia um anjinho sereno. E no fim das contas, ele é realmente! Depois da Larissa, era a pessoa do melhor coração que eu conheço.

Quase que na ponta dos pés eu atravessei meu quarto e lentamente deitei na cama de frente pra ele. Me cobri também e fiquei encarando ele respirar tranquilo.

Fiquei por alguns segundos sem ar e até me perguntei se poderia ser minha asma atacando de novo por zero motivos. Como sempre. Mas meu coração deu uma apertadinha de leve me mostrando que isso não tinha nem um pouco haver com a minha asma. Podia ser a paixão me dando uma rasteira pra me deixar na lona de vez.

E eu não faço a mínima questão de querer reagir.

Fechei os olhos deixando um sorriso satisfeito crescer na minha boca. E em menos de dois segundos o braço do Diogo me achou e me puxou pra ele. Sem muitas ideia.

Suspirei mais o perfume dele e naquele aconcheguinho eu pude ter uma das noites mais tranquilas e restauradoras.

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