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 — Não diria ler mentes. — Respondi

 — Como faz isso? — perguntou Benji.

 — Eu não sei, só acontece, agora mesmo eu estava te tocando e nada estava acontecendo. — falei confuso.

 — Acontece com outras pessoas?

 — Não, nunca aconteceu. Só com vocês, talvez eu seja igual a vocês, não sei.

 — Não você não é. Não iria querer ser igual. — respondeu Benji num tom frio.

 — É bruxo? Praticante de magia oculta? — perguntou Cora.

 — Não eu... Não sou.

 — O garoto realmente é interessante, o sangue dele não tem cheiro, é impossível de farejar. — Disse Don.

 — Pensei que farejassem o cheiro da pele, ou de roupas como cães.

 — Não somos tão iguais aos cães. O odor provocado pelo suor é graças ao sangue. No seu caso você é indetectável.

 — Então não tenho cheiro?

 — Tem, todos nós temos, mas no seu caso não é possível farejar. — disse Don.

 — E se farejar o meu perfume vão me farejar, não?

 — Você e mais umas cem pessoas que usam esse Dolce Gabanna, ou semelhante. Nesse caso o cheiro pode ser confundido, sem contar que o cheiro do perfume não fica no ar fazendo rastros — disse Benji.

 — Posso ir para casa? Tenho que ver se minha mãe também não foi atacada. — brinquei com um riso, mas eles não riram.

 — Os homens que estavam aqui, rondaram lá. Os Corredores não vão aparecer por lá — Disse Don. — Mas todo cuidado é pouco.

 — Como pode ter tanta certeza? — rebati e não houve respostas.

 — Eu o levo — disse Benji

 — Não, creio que precise descansar... posso ir andando — disse eu em um tom preocupado e ele me encarou com olhos risonhos.

 — Quase foi devorado Adriel. Me dê as chaves do carro Don — pediu Benji e Don jogou a chaves nas mãos de Benji

 Dentro do carro mantinha-me em silêncio no banco do carona. Benji dirigia o veículo de modo muito autentico e também sagaz, usava apenas uma mão no volante como se estivesse brincando ou testando sua habilidade motoras, mas não por consequência de seu ombro e sim por nitidamente ser um habito. Sua mão era diferentemente grande e grossas, como se os ossos da mesma tivessem ainda mais flexibilidade, de dedos roliços e pouco nodulosos, fazia aquilo de modo um tanto gracioso que me chamara a atenção, parecia que dirigir era uma tarefa das mais fáceis, ou quede certo modo gostava daquilo. Ainda estava descamisado e a ferida em seu ombro estava bem avermelhada, porem um tanto seca já formava cascas rigorosas como se de fato já tivesse passado alguns dias daquele corte profundo, até mesmo o ferimento de sua bochecha estava menor como um arranhão fino e vermelho. Seu cabelo castanho e médio estava um tanto bagunçado com as pontas caídas um pouco abaixo da sobrancelha grossas, as pontas dos fios finos quase nos olhos, ele passou uma das mãos nos cabelos revoltos e o mesmo começou a se alinhar enquanto caindo nas têmporas de sua cabeça criando uma repartição ao meio, alisou sua barba onde deu uma leve coçada.

 — Quem são os Corredores?

 Perguntei baixo, ele me olhou um tanto surpreso por eu ter quebrado o silêncio, voltou o olhar a estrada de modo pensativo e depois me olhou de modo mais gentil.

 — Outro clube, outra Matilha de lobisomens. — Deu uma longa pausa — Preciso que me diga quem é o traidor...

 — Um homem com o cabelo abaixo da nuca, pretos quase grisalhos e encaracolados, usava um elástico azul velho para prender o cabelo, tem olhos preto uma barba bem grande, é baixo, rechonchudo.

 — Tem certeza?

 — Uhum, eu vi.

 — Certo. Lembra de algum detalhe a mais tipo... Cor da camisa ou colete?

 — Usava um colete preto, de couro.

 Houve um breve silêncio. Parou o veículo em frente à minha casa, puxou o freio de estacionamento fazendo um clique de quando os carros param. Olhei para a minha casa por um tempo, aquele bairro era um bairro tão antigo que continha uma aura sombria.

 — Obrigado pelo curativo — disse ele passando as costas das mãos no vidro da frente do veículo que estavam um tanto embaçados.

 — Posso tirar os pontos amanhã se quiser — balbuciei — Estarei em casa então... É só vir aqui.

 — Boa noite Adriel, ah... — disse ele se recordando de algo quando eu já descia do carro e acenei com a cabeça. — Isso é seu... — ele me estendeu meu telefone celular com os fones de ouvidos enrolados entorno do mesmo.

 — Obrigado — disse eu com um riso.

 Depois da noite desordenada, árdua, estranha e sinistra ainda estava impressionado até o meu descanso. Precisava dormir e mesmo após um relaxante banho custei a pegar no sono por puro desconforto de lembranças. Era como se minha mente estivesse em confronto de ansiedade constante na qual eu mesmo não conseguia acreditar em tudo o que aconteceu. Minha vida acabava de dar uma volta de ponta cabeça e eu não sabia nada a respeito de nada, nem mesmo sobre mim.

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora