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Engoli seco desejando o mesmo, houve uma breve tensão no veículo enquanto ela dirigia de maneira silenciosa. A cidade de Celestia ficava longe demoraríamos a chegar e de certo retornaríamos ao anoitecer.

- Você me reconhece como Suprema-Alfa? - perguntou ela quebrando o silêncio.

- Claro que sim. - falei convicto.

- Ótimo... Eu estive lendo sobre as Peeiras em manuscritos antigos, descobri que quando elas entendem quem é o Supremo a ordem do mesmo pode ser transmitido através de si. - Deu uma pausa - E também há um juramento sobre esses seus dons, tipo uma revogação. Mas faremos isso mais à frente.

- O que está querendo dizer?

- Quando chegarmos a Cúpula, quero que toque no primeiro engraçadinho que ousar me subestimar e faça o que eu disser para fazer. E tudo que eu disser apenas pense, pense com vontade como se fosse você quem estivesse dizendo em meu lugar.

- Tudo bem - falei sendo tomado por uma ansiedade enquanto ajeitava o cinto de segurança.

- Certo, certo - ela respirou fundo deu uma longa pausa - Aurélio apareceu na televisão hoje, bem cedo novamente, ele parece estar subestimando a eleição.

- Quero que ele pague pelo que fez.

- Eu também - ela disse me olhando com olhares em comum - Mas, não podemos fazer nada por enquanto... Até as eleições passarem. Assim que eu assumir a Cúpula ele será punido perante a nossa Lei.

- Ótimo. Falando em Leis... -disse eu já emendando outro assunto - A Marca? Tem algo que revogue a União?

União era o termo certo, e não Casamentos, embora seja a mesma coisa.

- Não, a não ser que tenha sido marcado sem o consentimento.

- E qual a punição?

- Castração e exilo de 20 anos. Um lobisomem exilado é um lobisomem desprotegido pela Matilha

Fiquei boquiaberto, eu não podia fazer isso com Benji.

- Nada revoga a União?

- Não, uma pessoa marcada jamais será marcada novamente. Por que? Benjamin não teve sua permissão?

- Não... Quer dizer, sim, teve - Menti e ela me olhou com olhares suspeitos. - Eu... Eu falei a ele que caso as coisas saíssem do controle ele podia...

- Aquela sua briga com a Cora, não me pareceu isso.

- Não eu só... Não estava preparado, não sabia que corria sérios efeitos colaterais.

Pilar parou o carro no semáforo e me olhou nos olhos de modo com que não consegui evitar a penetração de nosso arrostar.

- Você gosta dele? - perguntou

- Sim... - Falei incerto

- Então tente ser mais convincente. Da para sentir sua pulsação, saber que está mentindo. Eu sei que está tentando ajudar ele. Mas a União não é algo comum entre nós, entende? Não fazemos isso por que jurar lealdade a alguém até o fim de sua vida, é como entregar sua a alma a esse alguém. - Deu uma pausa retomando a movimentação do veículo - Eu posso até fingir acreditar, mas a cerimônia de União é cercada por outros Alfas e a Matilha. Então... Você precisa ser mais convincente ou todos nós podemos sofrer consequências, a lei é para todos.

Balancei positivamente a cabeça sentindo meu corpo suar frio. Eu realmente estava tentando ajudar, mas eu podia estragar tudo com meu nervosismo. Talvez fosse uma boa ideia que eu passasse mais tempo ao lado de Benji, desse modo poderia me familiarizar mais com a ideia de casar-me com ele ou me unir a ele, tanto faz.

Celestia era uma cidade enorme, extremamente grande, era recheada de prédios e enormes arranhas céus, avenida com tráfegos de carros e pedestres constantes e intenso. Uma vez, morei aqui com minha mãe em um belo apartamento miúdo ao centro, a cidade era bem movimentada com baladas noturnas, festas e tráfego intenso, fiz amigos aqui, tive um breve nostalgia e saudade, mas eu não conhecia a cidade toda, o que era uma pena, Celestia tinha muitos pontos turísticos, hotéis incríveis, casas belas, todas as ruas pavimentadas e asfaltadas. Me surpreendia o fato de haver lobisomens entre as pessoas, até mesmo na cidade, ainda ficava pasmo com a ideia de haver toda uma organização política entre os lobisomens e todo um sigilo. Paramos em um enorme prédio espelhado, havia uma enorme faixada com letreiros cor de prata com a seguintes iniciais OL. Ordem da Lei - Centro de advocacia. Por um instante percebi que era apenas um disfarce, a sigla OL, podia ser: Ordem da Lua. Estávamos na Cúpula, havia um estacionamento interno monitorado, assim que Pilar desceu o vidro do carro os seguranças do local permitiram que ela entrasse sem hesito abrindo a Cancela, talvez eles se reconheçam pelo cheiro, ou pelo tanto de vezes que ela frequentou o local. A entrada em si era de fato um centro de advogados, havia pessoas ali atrás de advogados para causas judiciais, passamos na recepção onde uma mocinha de cabelos louros e preso nos atendeu com muita graça, de início ela perguntou o que queríamos, mas Pilar falou algo, um código em outra língua antiga e a garota nos guiou até o elevador, onde a mesma passou uma chave cartão, que definiu o andar na qual iríamos. Parecia algo ultrassecreto, e era de fato, pelo menos para mim. O elevador apenas anunciou que iria para um lugar, mas não mostrou números se estava subindo ou descendo na tela digital informativa do lado interno ficou com risco azul. Pilar segurava o Cooler em uma das mãos, e na outra uma pasta, ela estava silenciosa, era como se sua mente estivesse tramando algo. O elevador parou e abriu a porta.

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora